Análise feita pelo site de estatísticas Portal ODM mostra que a pobreza nas maiores regiões metropolitanas brasileiras cresceu 4,9% de 2000 a 2007, se considerado o critério de pessoas ganhando menos de meio salário mínimo. Em 2000, 20,02% das pessoas que viviam nessas regiões estavam abaixo da linha de pobreza; em 2007, a proporção passou para 21,01%. Os números vão na contramão da trajetória do país como um todo que, nesse período, passou de 32,75% de pobres para 30%.
De 2000 a 2007 a pobreza cresceu em sete das nove regiões metropolitanas: Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Recife, Salvador e São Paulo. Mesmo assim, os Estados que abrigam as metrópoles registraram redução da pobreza. A exceção foi o Estado de São Paulo, que teve aumento de 2%. As únicas duas regiões metropolitanas onde houve queda na pobreza no período foram Rio de Janeiro e Curitiba.
A comparação indica que a contribuição dos municípios com menos habitantes é a mais significativa para que os Estados alcancem o primeiro dos ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), série de oito metas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015. O objetivo é que se reduza pela metade a proporção de pessoas na extrema pobreza, contando a partir de 1990. O critério usado pela ONU, no entanto, é de pessoas que vivem com renda diária inferior a 1 dólar PPC (método que elimina as diferenças de custo de vida entre os países).
A região metropolitana de Recife foi onde mais subiu a proporção de pessoas vivendo com menos de meio salário. O aumento de 14%, porém, não se repetiu no Estado de Pernambuco, que teve queda de 1%. Para o estatístico responsável pela comparação, Alby Rocha, é possível que a contribuição das pequenas cidades se revele quando sair o Censo Demográfico de 2010, que trará os índices municipais atualizados. Atualmente, os últimos dados para municípios são de 2000. De acordo com eles, municípios pernambucanos como Cachoeirinha, Triunfo e Itapissuma (com população equivalente a no máximo 1% dos habitantes da capital) estavam entre as dez cidades que mais combateram a pobreza no período.
“Na última década, a história das regiões metropolitanas e a do Brasil têm sido divergentes”, diz o pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Sergei Soares. Ele afirma que a saída de indústrias das grandes cidades para o interior é responsável pelo ganho maior de renda nos municípios menores. Outra explicação é que até 2004 o país passou por um momento ruim da economia e, depois disso, as cidades menores teriam sido capazes de se recuperar com mais facilidade. Isso se justificaria por alguns problemas mais típicos das grandes cidades, como grande número de desempregados e alta criminalidade. “As regiões metropolitanas têm problemas próprios que não estamos tratando bem”, afirma Soares.
Expectativas
Usando o critério do salário mínimo, a projeção é que o Brasil, como um todo, alcance a meta de reduzir a pobreza pela metade em 2015 (no critério do dólar PPC, ele já alcançou). Até 2007, o país já havia apresentado queda de 38%, mas os índices mostram que a evolução do país na área é desigual. Se mantiverem o ritmo de decréscimo da pobreza detectado entre 1991 e 2007, apenas quatro das nove regiões metropolitanas para as quais há dados cumprirão a meta em tempo.
Em Belém, Fortaleza, Recife, Salvador e São Paulo a evolução é insuficiente. São Paulo foi onde menos se reduziu a proporção de pobres entre 1991 e 2007: apenas 14,1%. Apesar disso, a metrópole tem, desde 91, a menor proporção de pobres entre as cidades: apenas 17,9%. Já Recife parte dos 56,8% e conseguiu diminuir 28,5%
As mais bem sucedidas são Curitiba e Rio de Janeiro. Em ambas, a pobreza já havia caído 53% até 2007. Se não houver aumento, as metrópoles cumprirão a meta até 2015, junto com Porto Alegre e Belo Horizonte, que, apesar do recente retrocesso, mantém uma média de redução suficiente.
(Envolverde/Pnud)