A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que tem como principal acionista o governo paulista, divulgou, em 12 de março, a assinatura do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para o desligamento dos funcionários aposentados pelo INSS. A demissão de 2.250 profissionais até 2011 será feita de maneira escalonada, sendo: 1.575 (70%), até o final deste ano; 337 (15%), em 2010; e 338 (15%), em 2011.
Segundo o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, o plano de renovação ocasionará uma economia de R$ 150 milhões, destinados a investimentos em novas unidades. Porém, esse crescimento poderá ser comprometido, pois são os funcionários mais experientes que sabem onde estão as áreas mais defasadas na empresa e que merecem aprimoramento.
A demanda no tratamento permanecerá igual e é essa a maior preocupação, garante o presidente da Fenatema, Eduardo Annunciato “Chicão”. “Nossa preocupação é que essa banalização no tratamento da água possa trazer sérios riscos à população. Não podemos permitir a queda da qualidade no tratamento de um bem vital”.
O sindicalista enfatiza que as demissões são irresponsáveis, pois o desligamento dos mais experientes gera a queda de conhecimento na empresa, acarretando prejuízos à população. “Já presenciamos o mesmo erro acontecer no setor elétrico. Toda manutenção preventiva passa a ser abandonada, e é feita apenas a manutenção corretiva do sistema, ou seja, quando aparecem os problemas”.
Por meio de concurso público, 1.771 vagas serão abertas para suprir as demissões. “Claro que novas vagas são bem-vindas, porém os novos funcionários não terão a experiência acumulada desses antigos trabalhadores”, completa Chicão.
Segundo os funcionários do setor, em pouco tempo não se faz um profissional qualificado para trabalhar com uma atividade tão fundamental à vida.
Água inadequada
Segundo o último relatório emitido pelo laboratório Adolfo Lutz, o fornecimento de água pela Sabesp para o Guarujá, litoral sul de São Paulo, está fora dos padrões de consumo. Em diferentes regiões da cidade, os índices de coliformes fecais e de cloro estão acima do limite estabelecido pelo Ministério da Saúde. Os dados são os mesmos de 2007, ou seja, nesse período não houve melhora no sistema de tratamento da água do município.
Como o Guarujá não possui uma estação de tratamento, a água é capitada do Rio Jurubatuba e recebe a adição de cloro. Para construir uma estação, seriam necessários, no mínimo, três anos.
“É difícil entender como uma empresa se sustenta em argumentos legais e ignora fatos tão impressionantes como os apresentados. A qualidade da água não é ideal, e a Sabesp deveria tomar providencias para que essa situação fosse sanada, ainda mais, em uma cidade que atrai turistas de todo o Brasil”, considera o presidente da Fenatema, Eduardo Annunciato “Chicão”.
Para a Sabesp, a água fornecida é própria para consumo, pois a legislação brasileira permite que alguns valores estejam fora do limite com relação ao universo total de análises efetuadas.
Fenatema – Federação Nacional dos Trabalhadores de Energia, Água e Meio Ambiente