A lista de datas a seguir não pretende ser completa. Ela é apenas o registro dos principais momentos de luta política do negro contra a escravidão e contra o racismo, relembrar essas datas é importante: é necessário impedir que elas caiam no mar do esquecimento. Assim com a apopéia palmariana, os fatos e lutas históricas provocados pelos negros no Brasil criam uma corrente revolucionária nas lutas populares. Os ideais de Zumbi dos Palmares continuam a impulsionar os novos quilombolas.
1454: A bula Papal editada por Nicolau V, dá aos portugueses a exclusividade para aprisionar negros para o reino e lá batizá-los.
1549: Tomé de Souza desembarca na Bahia. Com ele vieram provavelmente os primeiros escravos brasileiros.
1630: Data provável da formação do Quilombo dos Palmares ocupou a maior área territorial de resistência políticas e escravidão. Ela foi uma das maiores lutas de resistência popular nas Américas.
1635: Morte de Zumbi dos Palmares.
Zumbi dos Palmares dirigiu Palmares num dos seus momentos mais dramáticos. As forças chefiadas pelo bandeirante Domingo Jorge Velho destruíram o Quilombo e depois, assassinaram Zumbi.
1741: Alvará determina que os escravos fugitivos sejam marcados com ferro quente “F” carimbada nas espáduas.
1835: Levante de negros urbanos de Salvador. Segundo historiadores, a Revolta dos Malês foi amais importante revolta urbana de negros brasileiros, pelo número de revoltosos, grau de organização e objetivos militares .
Elas se inscrevem dentre as grandes revoltas assistidas pela cidade no século 19: 1907, 1809, 1813, 1826, 1828, 1830 e 1844.
1838: O governador de Sergipe proíbe que portadores de moléstias contagiosas e africanos, escravos ou não freqüentem escolas públicas.
1850: “É editada a lei de Euzébio de Queiroz. Ele põe fim ao tráfico de escravos. Nesse mesmo ano, é editada a Lei da Terra. A partir dessa lei era proibido ocupar terras no Brasil. Para possuir a terra era necessário comprá-la do governo.
1854: Decreto proíbe o negro de aprender a ler e escrever.
1866: O império determina que os negros sirvam no Exército seriam alforriados.
1869: Proibidas a venda de baixo de pregão e com exposição pública. Alei proíbe a venda de casais separados e de pais e filhos separados.
1871: É editada a Lei do Ventre Livre. Com ela os filhos de escravos seriam libertos, depois de completarem a maioridade.
1882: More o abolicionista Luiz Gama.
Sua mãe, Luiza Mahin foi uma das principais lideranças na Revolta dos Malês.
1885: É editada a Lei do Sexagenário, a Lei Saraiva-Cotegipe, que liberta os escravos com mais de 65 anos de idade. Segundo dados, a vida útil de um escravo era em torno de 15anos.
1886: O governo proíbe o açoite dos castigos dos escravos.
1888: É assinada a Lei Áurea. Ela extingue a escravidão no Brasil. O país é o último a abolir a escravidão no Ocidente.
1890: Decreto sobre a imigração veta o ingresso no Brasil de imigrantes africanos e asiáticos.
O ingresso de imigrantes europeus era liberado e estimulado pelo governo.
1910: João de Cândido, o almirante Nergo, lidera a revolta da esquadra Revolta das Chibatas contra os castigos físicos praticados contra os marinheiros.
1914: Surge em Campinas a 1° Organização Sindical dos Negros. Delas participaram de forma expressiva a determinante de mulheres negras.
1915: Surge o Menelick, o primeiro jornal de negros na capita paulista.
1916: É criado o Centro Cívico Palmares, em São Paulo.
1929: Surge o Jornal Quilombo, na cidade do Rio de Janeiro
Guerrilheiro negro brasileiro nascido em um dos mocambos do quilombo de Palmares, o líder mais famoso desse famoso quilombo e cuja vida tornou-se envolta em mitos e discussões. Descendente dos guerreiros imbangalas ou jagas, de Angola, com poucos dias de vida foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e dado ao padre Antônio Melo em Porto Calvo (1655). Batizando como Francisco cresceu demonstrando uma inteligência privilegiada, e favorecido pela admiração do padre, aos 10 anos já sabia português e latim e aos 12 era coroinha. Aos 15 anos fugiu da casa do padre para voltar a Palmares, onde adotou o nome de Zumbi e passou a trabalhar na liderança dos quilombeiros. Participou da batalha em que a expedição de Jácome Bezerra foi derrotada (1673). Três anos depois, em um combate contra as tropas de Manuel Lopes Galvão, foi ferido com um tiro na perna (1676). Revoltado com a assinatura de um acordo de paz (1678), rompeu com Ganga-Zumba e foi aclamado Grande Chefe pelos revoltosos que não aceitaram o acordo. Atacado pelas tropas lideradas por Domingos Jorge Velho (1694), foi baleado, mas conseguiu fugir espetacularmente. Um ano depois reapareceu e com cerca de 2000 palmarinos voltou a atacar povoados em Pernambuco, especialmente para conseguir armas e munições. No entanto, em um dos ataques, um de seus grupos foi derrotado, e o seu comandante, Antônio Soares foi preso (1695). Após ser torturado pelo bandeirante e mercenário paulista André Furtado de Mendonça, este lhe ofereceu a liberdade em troca da revelação do esconderijo de Zumbi e, em 20 de novembro daquele ano, Soares levou Mendonça até o esconderijo, na Serra Dois Irmãos. Conta-se que ao ver Soares, o grande chefe dos revoltosos foi abraçá-lo, mas foi recebido com uma punhalada no estômago. Os paulistas atacaram e o rebeldes presentes foram mortos. Seu corpo, perfurado por balas e punhaladas, foi levado a Porto Calvo, onde sua cabeça foi decepada e enviada para Recife, que por ordem do governador foi espetada em um poste para exposição pública até sua total decomposição. O dia 20 de novembro tornou-se o Dia da Consciência Negra.