"A Amazônia é um mundo desconhecido; ninguém sabe quem
está lá", admite Rolf Hackbart.
Brasília — Levantamento feito pelo
Instituto Nacional de Colonização e a Reforma Agrária (Incra) traz a realidade à
tona: o governo brasileiro não conhece de fato a Amazônia. O estudo diz que 14%
das terras da Amazônia Legal não têm dono. São 710,2 mil quilômetros quadrados —
área equivalente a duas vezes a Alemanha, ou aos estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul e Paraná, juntos. A Amazônia Legal possui área de 5 milhões de
quilômetros quadrados.
BR-163 e BR-230
A área
corresponde a 23% do estado e é do mesmo tamanho do Rio Grande do Sul. Parte
dessas terras sobrepõe-se às rodovias Cuiabá-Santarém (BR-163) e Transamazônica
(BR-230) e a numa região produtora de minério e gado no leste do estado. Em
segundo lugar, vem o Amazonas (141,8 mil), seguido por Rondônia, com 89,3 mil
quilômetros quadrados. Campeão de trabalho escravo no Brasil, o Pará também
lidera em áreas cuja titularidade é desconhecida. Ali, segundo o Incra, são
288,6 mil quilômetros quadrados de terras de ninguém.
O presidente do
Incra, Rolf Hackbart, tem afirmado que o órgão precisa de mais investimentos —
pessoal e equipamentos — e da parceria com os militares e com os institutos de
terra dos estados. Campeão de trabalho escravo no Brasil, o Pará também lidera
em áreas cuja titularidade é desconhecida. Ali, segundo o Incra, são 288,6 mil
quilômetros quadrados de terras de ninguém.
Latifúndios
Na região,
os imóveis com área de 2 a 100 mil hectares representam 49,5% dos imóveis do
Brasil com estas dimensões e os com área superior a 10 mil hectares correspondem
a 70,7%. Ali, também, pouco mais de 25 mil latifundiários ocupam um território
equivalente ao que é ocupado pelas populações indígenas, negras e caboclas, com
2 milhões de pessoas. As áreas griladas já alcançam 13,99% da região,
totalizando 70,4 milhões de hectares.
O levantamento do Incra será
entregue ainda este mês pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme
Cassel, a seu colega Mangabeira Unger, da Secretaria Especial de Assuntos de
Longo Prazo (Sealopra). Unger foi escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para encaminhar o desenvolvimento sustentável da Amazônia, o que motivou a
saída da ministra Marina Silva da pasta do Meio Ambiente. Logo após assumir o
cargo, Mangabeira Unger confessou-se "um ignorante" sobre a Amazônia, mas mesmo
assim continua plantado no cargo, no qual, por enquanto, tem se destacado em
função do carregado sotaque norte-americano.
(Envolverde/Agência
Amazônia)