Mais uma tragédia recai sobre a cidade de Rondonópolis
Três funcionários da Universidade Federal de Mato Grosso: a pró-reitora coordenadora do Campus Universitário de Rondonópolis, prof. Soraya, o Prof Alessandro de Zootecnia e o motorista e prefeito do Campus Luiz Mauro, foram friamente assassinados quando parados na frente da casa da pro - reitora para sua volta ao lar.
Ficamos estarrecidos com a forma brutal e covarde com que foram assassinados. Entendemos que vivemos numa situação de grande paradoxo social. Jovens sem futuro, abandonados pelas políticas públicas saem por aí matando e roubando. Enquanto isso, sabemos que o tipo de economia agrícola que ora se adotou nessa política neoliberal, transforma antigos pacatos municípios em lugares tão violentos como os grandes centros.
Vivemos de forma perversa e tão contraditória em um município campeão de grãos com um povo na miséria em que nossa juventude está sem futuro, sem presente e com um passado de seus ancestrais destruídos. Destroem-se as cadeias alimentares produzidas pela agricultura familiar que agregava as famílias ao campo. Constróem-se sobre elas vastas plantações de algodão e soja. Estamos presenciando a vinda de grandes multinacionais no campo do biocombustível. E tristemente sabemos que o resultado de tudo isso aí resulta em miséria, violência, mortes, etc.
Por outro lado, vemos fazer funcionar um modelo que privilegia uma minoria que de forma arrogante desfila com suas camionetes enormes esnobando seu saber burro produzido por seu cérebro carcomido pela prepotência e hipocrisia da cestinha de natal. Sabemos que a maioria que irá receber a sua cesta, mais queria era ter uma vida digna e sua própria possibilidade de levar comida para sua casa. é o cenário de miséria na terra da fartura. É o sangue correndo e os rios se envenenando. São as crianças se acabando na morte ou atrás das grades e uma minoria se fartando de delícias.
A morte dos nossos companheiros da UFMT deve se juntar a um rosário de mortes que vem acontecendo em nosso município, em nosso país e no mundo. Não podemos continuar a enterra nossos mortos de forma submissa como o gado que vai para o matadouro. Quero deixar minha nota de repúdio como professor em nome de todos meus colegas de trabalho que estão sofrendo nesse momento. Quero deixar minha nota de repúdio em nome dos familiares de nossos mártires de educação pela dor que ora estão passando mais que qualquer um. Quero deixar minha nota de repúdio pelos pais, irmãos e filhos dos assassinos desse país e dos protagonistas desse bárbaro crime, pela dor de ver seus filhos se perderem no crime, na droga e na morte. Quero deixar minha nota de repúdio contra os políticos desonestos, os empresários sonegadores e todos aqueles, que ao contrário desses jovens delinqüentes que contrariam as leis, esses chamados grandes homens, fazem usos das leis, para roubarem e desviarem dinheiro público para unicamente o bem de suas sanhas corruptas. quero deixar minha nota de tristeza e revolta por saber que esse dinheiro desviado poderia ter evitado que tantas crianças não caíssem no mundo do crime. FICA AQUI A POSSIBILIDADE DE LUTARMOS CONTRA TUDO QUE AFETAM NOSSAS VIDAS, NOSSOS CORAÇÕES E NOSSO PAÍS. É HORA DE DIZERMOS NÃO PARA TUDO ISSO. CHEGA DE VIVER NA FARTURA DE GRÃOS E NA MISÉRIA DA VIDA.
ODEMAR LEOTTI Prof. do Dep. de História da UFMT-CUR.
