*Republicamos postagem feita em 27 de julho com algumas alterações.
"Enfrentamos, com armas nas mãos ou sem elas, a organização fascista integralista, comandada por Plínio Salgado. Os integralistas estavam todos fardados, bem armados, enquadrados e prontos para uma demonstração de força, protegidos pelas instituições político-militares getulistas e dispostos a tomar o poder. Nós, espalhados ao longo da praça e nas ruas adjacentes, esperamos pacientemente que desfilassem primeiro as crianças, também fardadas, e as mulheres integralistas. Depois disso, quando os asseclas de Plínio iniciaram seu desfile, nós todos avançamos e começou a luta aberta."
Estas palavras da falecida atriz Lélia Abramo retrata um episódio pouco lembrado na história do Brasil. Trata-se da 'Revoada dos Galinhas Verdes' ou 'A Batalha da Praça da Sé', em São Paulo, que neste dia 7 de outubro completa 80 anos.
Na ocasião, diversas correntes do movimento popular de São Paulo, entre comunistas, anarquistas e outras correntes democráticas, se reuniram na Frente Única Antifascista para enfrentar a fajuta Ação Integralista Brasileira, organização fascista que imitava, de forma barata, os seus amos de Berlim e Roma.
A AIB preparava uma manifestação com quatro mil militantes ou mais no Centro da cidade, sendo impedida pelas forças populares.
A Guarda Civil estava com grande contingente e conseguiu apaziguar os primeiros embates, até que tiros foram disparados contra os soldados, matando dois deles. Não sabe-se ao certo de onde vieram os disparos.
Cerca de dez minutos após, integralistas chegavam a Catedral da Sé e se reuniram nas escadarias. Os antifascistas se concentraram no edifício Santa Helena, onde era o Sindicato dos Trabalhadores, e em várias ruas adjacentes, dando início ao 'contra-ato'.
Enquanto os fascistas faziam suas saudações simbólicas (como o "Anauê", que se assemelhava às saudações nazistas), Edgard Leuenroth, notório anarquista, discursava para a massa: “Companheiros antifascistas, viemos à praça para não permitir que o fascismo tome conte da rua e dos nossos destino”. Em seguida, intensos confrontos pelas ruas, inclusive armado.
A Batalha resultou na morte de seis guardas civis, um comunista (Décio Pinto de Oliveira) e dois integralistas.
O nome 'Revoada dos Galinhas Verdes' se deve ao fato de, sem organizarem sua fuga, os fascistas pareciam um galinheiro amedrontado fugindo, como relataram os militantes que participaram dos fatos. Na corrida, alguns deixaram seus uniformes no chão para não serem reconhecidos.
Cinco anos depois, 1939, o fascismo desgraçava a Europa. Hitler dava início a um dos confrontos mais sanguinários da história do mundo, que terminou em 1945 com a vitória total dos antifascistas.
Confira também a postagem feita pela página Calendário Insurrecional do Brasil sobre a data:
https://www.facebook.com/382169541926412/photos/a.382983858511647.1073741828.382169541926412/546695272140504/?type=1&theater
Fotos: Charge de Carlos Latuff / imagem de um comício integralista.