Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo embaixador Antonio Patriota, nega que a chancelaria tenha conduta racista; Folha de S. Paulo, de Otávio Frias Filho, reafirma o teor de sua reportagem sobre o imóvel de R$ 1 milhão de Joaquim Barbosa em Miami, comprado por meio de uma offshore, e afirma que o presidente do STF ainda "não está acostumado ao cargo, que o expõe ao escrutínio público"; Estado de S. Paulo, que teve o jornalista Felipe Recondo (foto) agredido pela segunda vez por Barbosa na entrevista concedida ao Globo afirma que o pedido de desculpas feito à época pelo presidente do STF foi "no mínimo insincero"; presidente do STF começa a se queimar.
247 - Não passou despercebida a entrevista que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, concedeu à jornalista Miriam Leitão, do Globo. Nela, disse que não será candidato à presidência da República em 2014 e sugeriu que o Brasil ainda não está pronto para ele (leia mais aqui).
Na mesma entrevista, ele também insinuou práticas racistas no Itamaraty, onde não foi aprovado numa entrevista, quando tentou ingressar na carreira diplomática – não se sabe o motivo de sua reprovação, mas diplomacia não é exatamente o ponto forte do ministro.
"Recorda-se, por oportuno, que o Itamaraty mantém programa de ação afirmativa a Bolsa Prêmio Vocação Para a Diplomacia, instituída com a finalidade de proporcionar maior igualdade de oportunidades de acesso à carreira de diplomata e de acentuar a diversidade nos quadros da diplomacia brasileira", diz a nota do Itamaraty. "Lançado em 2002, o programa já concedeu 526 bolsas para 319 bolsistas afrodescendentes. Dezenove ex-bolsistas foram aprovados no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata e integrados ao Serviço Exterior Brasileiro. As bolsas concedidas têm atualmente o valor anual de R$ 25.000,00 e devem ser utilizadas na compra de materiais de estudo e no pagamento de cursos preparatórios. Esse programa tem melhorado, de forma concreta e decisiva, as possibilidades de ingresso na carreira diplomática por candidatos afrodescendentes", conclui o texto.
Ao falar a Miriam Leitão, Barbosa agrediu pela segunda vez o jornalista Felipe Recondo, do Estado de S. Paulo, que já havia sido atacado em março deste ano quando apurava reportagem sobre mordomias do Judiciário (leia mais aqui). Na entrevista deste domingo, ele afirma que Recondo é um "personagem menor", em conflito de interesses no tribunal. Barbosa fez a afirmação porque a esposa do jornalista trabalha no próprio STF e, portanto, segundo sua lógica, ele não poderia apurar histórias relacionadas à corte. Pelo mesmo critério, Barbosa está agora impedido de julgar a Globo ou mesmo de aceitar prêmios da emissora ou conceder entrevistas a Miriam Leitão, uma vez que seu filho, Felipe Barbosa, foi contratado pela empresa dos Marinho.
Sobre a segunda agressão a Recondo, o Estadão, comandado por Francisco Mesquita Neto, também reagiu afirmando que o ministro foi "no mínimo insincero" ao pedir desculpas. À época da agressão, Barbosa soltou uma nota se desculpando diante da péssima repercussão que sua atitude destemperada gerou.
Por último, a Folha de S. Paulo também respondeu ao presidente do STF. Em nota, o jornal afirmou "que o presidente do STF não desmente nem corrige nenhuma das informações publicadas" e que "o ministro Joaquim Barbosa ainda não está acostumado ao cargo, que o expõe ao escrutínio público e reduz sua privacidade."
A Folha publicou a primeira reportagem sobre o apartamento de R$ 1 milhão de Joaquim Barbosa, comprado por meio de uma empresa offshore na Flórida (leia mais aqui). Barbosa considera o caso "invasão de privacidade".