"PERFUME DE JESUS"

Uma prostituta teria se aproximado de Jesus e derramado sobre ele perfume. Um perfume caro e enxugado os pés de Jesus com seus cabelos num gesto de humildade. O que a bíblia registra é que alguns censuraram o gesto da mulher e teriam dito a Jesus que se soubesse Ele a que se “dedicava” a mulher, não teria permitido que o fato acontecesse.

A hipocrisia nasceu com o ser humano.

Historiadores que pesquisam a vida de Cristo, a despeito dos pouco dados disponíveis, só as referências bíblicas, os chamados evangelhos, atribuem a Maria Madalena a condição de sua companheira. Madalena, ainda segundo os registros do “livro sagrado”, teria sido mulher de conduta “duvidosa”.

Quando se narra na bíblia a visita de Cristo ao templo de Jerusalém e se descreve a sua fúria contra os “vendilhões do templo”, as pesquisas históricas mostram que o nazareno se voltou contra aqueles que, entre outras atividades, emprestavam dinheiro a juros. Banqueiros para ser bem claro.

A exploração do homem pelo homem é imemorial. Precedeu ao próprio ser a despeito da genética considerar que a criação se deu “através de um gesto de amor”, contrariando os fundamentalistas que se arvoram atrás da lenda de Adão e Eva e numa certa medida corroborando a tese de Charles Darwin.

Num dado momento da História o bispo de Ulster “calculou” a data do início do mundo na ótica fundamentalista. Foi um dos argumentos usados pela promotoria e por Willian Brian, ex-secretário de Estado e três vezes derrotado em suas pretensões de chegar à Casa Branca.

O Processo do Macaco, como ficou conhecido, foi o primeiro julgamento transmitido por uma emissora de rádio em todo o mundo e aconteceu na em Dayton, estado do Tennesse. Um professor, John Thomas Scope violou a lei ao ensinar na escola local a teoria de Charles Darwin.

Clarence Darrow, um dos maiores oradores dos EUA e considerado o mestre dos criminalistas, fez a defesa do professor e num ambiente hostil desmontou a tese criacionista, eliminou as chances de William Brian vir a ser candidato presidencial novamente (morreu uma semana depois abalado com a derrota no julgamento).

O fato despertou a atenção nacional no país e a defesa de Scope foi patrocinada por um jornal de Baltimore, onde escrevia um dos mais célebres jornalistas de toda a história do jornalismo norte-americano. Henry Louis Menken. Agnóstico, satírico, um demolidor das hipocrisias religiosas e do capitalismo associado a elas. Os onze dias de julgamento viraram filmes e o mais célebre deles foi dirigido por Stanley Kramer, com Spencer Tracy interpretando o advogado Darrow e Gene Kelly o jornalista Henry Louis Menken.

Ao ter esgotadas todas as tentativas de incluir provas científicas nos autos e enfrentando a hostilidade da população fundamentalista que cantava pelas ruas “vamos enforcá-lo numa macieira azeda”, Darrow desafiou Brian a testemunhar e demoliu o fundamentalista cristão com perguntas simples e objetivas com tal vigor que o próprio governador do estado se viu obrigado a “sugerir” ao juiz que desse um fim à papagaiada.

Uma das perguntas, por exemplo, foi sobre o fato de Adão e Eva terem gerado Caim e Abel. Caim ter matado Abel, caminhado para o leste e encontrado Noah, onde a humanidade teve seqüência já com o peso da inveja, do homicídio, a culpa que remonta à “maçã”. A porta aberta para o que Darcy Ribeiro chamava de “primeiro ato terrorista da história da humanidade”.

Darrow perguntou a Brian Jennings que “deus” teria criado Noah a leste, se a bíblia não fazia referência a isso. Não explicava Noah. “Um outro deus”?

Martin Lutero abriu as portas do capitalismo sem culpa. Sem pecado. O lucro transformado em dia de Ação de Graças ao lado dos balanços e do que mais tarde seria simbolizado no touro de Wall Street, mais ou menos, ou bem mais, o bezerro de ouro dos que esperavam Moisés descer do Monte Sinais com a tábua dos dez mandamentos.

As indulgências concedidas pelo Vaticano substituídas por ações. Blue ships.

Um dos mais promissores negócios da atualidade é a fé. Ronald Reagan iniciou sua cruzada pelo Guerra nas Estrelas ungido pelo mesmo pensamento que Mitt Romney verbalizou na última eleição presidencial dos EUA. “Deus criou os EUA para guiar o mundo”.

O Banco Santander, em estado pré-falimentar, sustentado pelo dinheiro público, demitiu 12 mil funcionários, sendo perto de cinco mil só no Brasil. O Santander chegou aqui pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso no processo de entrega do sistema financeiro cujo nome era um tanto pomposo – PROER. Um programa de ajuda a banco.

Gregos, espanhóis, italianos, portugueses, um quarto da população desempregada, 30 milhões de norte-americanos na linha da miséria.

A “fé” que um banqueiro sionista, desses que financiam o genocídio do governo terrorista de Tel Aviv contra palestinos, é a mesma que leva a “bispa” Sônia Hernandez a lançar um kit de cosméticos “Divina Essence”, por módicos 79 reais, constando de um sabonete e um perfume que “exala o cheiro de Jesus”.

Ou a que leva líderes nazi/sionistas a exigir direitos sobre a “terra santa” por isso estar descrito em escritos bíblicos de milhares de anos atrás. Nossa terra então é dos índios.

A outra “bispa” Fernanda Hernandez, filha de Sônia, aparece em pose sorridente e “cristã” com o kit, no evento piedoso de lançamento, afirmando que os produtos chegam direto da bênçao da Ceia dos Oficiais e que vão frutificar sementes “que você nem lembrava que havia semeado”.

Para conferir o imprimatur divino os produtos foram objeto de “pesquisas” que duraram anos, até a das embalagens, como seriam, testados por mãe e filha.

“Além de ser perfeito esse perfume vem para que possamos durante todo o dia exalar o bom cheiro de Jesus”. Foi o que disse a “bispa”, filha da outra “bispa”.

E para que os homens não se sintam abandonados, a idéia é lançar no mercado da fé um kit com o nome do “bispo” Estevam, marido de uma das “bispas”. “Apóstolo Estevam”, no kit “de bem com a vida”, tudo a 79 reais.

Registre-se que o casal maior esteve preso durante larga temporada nos EUA por crime de lavagem de dinheiro. E faz parte dos que se associam à bancada dos banqueiros, empreiteiros, especuladores, latifundiários, no braço evangélico.

Em breve o período de retorno da crucificação dos impuros e infiéis em nome do lucro, da escravidão contemporânea, a chibata visível sobre trabalhadores de todo o mundo. Exceto aqueles que pagam o dízimo e cheiram como cheirava Jesus.

Gandhi percebeu isso bem antes quando disse, respondendo a um jornalista sobre se aceitava o cristianismo. “Aceito o Cristo de vocês, mas não aceito o cristianismo”.

Obama deve considerar os massacres na Líbia, no Iraque, no Afeganistão, na Colômbia, na Síria, como os terroristas de Israel enxergam o genocídio de palestinos e o saque de suas terras e riquezas. Determinação bíblica e novas cruzadas para purificar a humanidade. Só que a sede do novo Vaticano, ou da nova Roma, não vende indulgências. Expandiu, ganhou novos espaços. Washington, Tel Aviv, Berlim.

Saqueia petróleo, saqueia água, saqueia minerais estratégicos, escraviza trabalhadores, tem cinco mil ogivas nucleares e o poder de destruir a Terra pelo menos cem vezes.

Que assim o seja, mas com o “cheiro de Jesus”.

Não são capazes de entender e nem vão ser, pois se não lhes toca isso, exceto pelo dever de uma coletiva à imprensa para lamentar, a lágrima hipócrita, cínica, porque um ataque de fúria mata mais de 20 crianças, justo dentro dos limites do novo “paraíso”.

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