A TEMPORADA DE ELEIÇÕES

Barack Obama não sabe ainda se vai enfrentar o bilionário Mitt Romney – “gosto de demitir pessoas” – ou o enviado divino Rick Santorun. Mas mete a colher nas eleições na Venezuela para tentar derrotar Hugo Chávez. O presidente dos EUA mandou Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil, dar uns pitacos no processo eleitoral venezuelano em assessoria especial ao candidato da oposição.

O nível de cinismo dessa gente não tem limites. A conversa é simples. Esperam o tempo da morte de Chávez – se recusam a acreditar na cura – e dizem ao eleitor de várias formas dissimuladas, mas nem tanto, que é bobagem votar em Chávez, pois logo virá a morte.

O atual presidente tem 58% das intenções de votos. FHC não é um bom conselheiro. Foi presidente a primeira vez por conta de um plano econômico transformado em milagre e na segunda vez, num golpe branco em que comprou a reeleição junto a deputados e senadores. Teve menos de um terço dos votos do eleitorado.

Nicolas Sarkozy aparece pela primeira vez à frente nas pesquisas de intenções de votos para as eleições presidenciais de abril. Numa simulação de 2º turno perde para o candidato socialista. O processo eleitoral acaba beneficiando Sarkozy. As eleições são em abril e o presidente quer mais sete anos à frente de uma das mais prósperas propriedades do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, na zona conhecida como do Euro, ou Comunidade Européia.

Uma charge mostra o presidente do Irã assentado em sua cadeira e espantado com as declarações de Hilary Clinton que seu país constitui-se uma ameaça ao mundo. Os EUA têm mais de cinco mil artefatos nucleares, poder suficiente para destruir o planeta por cem vezes se necessário for para manter intacto o poder do império.

Quer o privilégio de apertar o botão do caos pleno.

Hilary está se despedindo da vida pública. Ao término do mandato de Obama, reeleito ou não o presidente, sai do Departamento de Estado, deixa de ser senadora e recolhe-se ao papel de conferencista, ou reserva privilegiada para uma ou outra ação terrorista do complexo que integra.

Para eleições na América Latina há um setor especial – terceirizado óbvio – e pronto a intervir onde quer que se faça necessário. A ordem atual é evitar Chávez. Tanto esse grupo é especialista em transformar golpes de estado em “revoluções democráticas”, o caso mais recente é o de Honduras, como em fraudar, criar condições adversas aos adversários dos EUA, elegendo figuras lastimáveis como Sebastian Piñeda no Chile.

Um banco privado convidou Ricardo Lagos (Chile), Felipe Gonzalez (Espanha) e FHC (Brasil) para assessorar a oposição venezuelana.

FHC foi magoado. O principal líder de oposição a Chávez disse num comício que quer ser a versão de Lula em seu país. Uma das tarefas do brasileiro é convencê-lo que é melhor ser a versão venezuelana de FHC. Na bagagem, além dos dólares do banco privado, o espelho mágico, aquele que responde “o maior estadista do mundo”. Tem a mais alta rejeição entre políticos brasileiros.

E Gonzalez pertence ao Partido Socialista espanhol. Versão deles lá para o PPS daqui. Uma roupa socialista para inglês ver e uma prática neoliberal para bancos, grandes corporações e latifúndio se regalarem.

Qualquer que seja o resultado das eleições nos EUA, ou o candidato opositor de Obama, nada muda.

Por nação entende-se o conjunto, digamos assim, formado por povo, território, língua e costumes e tradições. Existem nações sem territórios. A nação palestina está confinada a resíduos do que ainda não foi tomado por Israel.

Esse conceito desapareceu. As nações de hoje são formadas pelo conjunto de bancos, grandes conglomerados empresariais e latifúndio. Os EUA não são mais uma nação.

A vitória de Chávez será a consolidação de um processo político, que a despeito do caráter personalista do governante, mantém a integridade da Venezuela.

Em alguns casos, como o Brasil, cria-se a imagem de grande potência, ou potência emergente, para caracterizar um entreposto de uma ordem mundial perversa e montada no capitalismo.

Nem uma eventual vitória do socialista francês muda a essência do governo. Sai um e entra outro, fica tudo do mesmo tamanho. A França sumiu como nação, como aliás toda a Europa Ocidental. São imensas bases militares do conglomerado ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

Aquele que, dependendo do nível do ataque de nervos, ou mata civis indefesos, ou aperta um botão e destrói tudo sob a afirmação que o Irã é ameaça à paz e a democracia.

Militares da OTAN – Organização do Tratado Atlântico Norte – já atuam na Síria, nos mesmos moldes que destruíram a Líbia e agora tentam fracioná-la na busca desesperada do controle do petróleo.

Como em todos os países existem figuras como FHC, Lagos e Gonzalez, sabem que podem comprar e contar com “estadistas” deste porte.

Por alguns dólares aportam em qualquer lugar do mundo para vender o neoliberalismo.

Na prática defendem apenas interesses pessoais que subordinam aos que têm o controle dos botões que destroem e pagam.

Têm o hábito de tirar os sapatos quando chegam a New York e pressurosamente se prestam a revistas plenas, não importa o nível que supõem ter.

Eleições como as que temos nem sempre significam democracia. Pelo contrário. Na maior parte das vezes são instrumentos que o capitalismo usa para se perpetuar, obedecendo à percepção do general Golbery do Couto e Silva, notório ideólogo do golpe militar de 1964 no Brasil. O momento da sístole, o da diástole. Honduras que o diga.

Por isso a preocupação com a Venezuela. A reeleição de Hugo Chávez representa a permanência da Venezuela como nação soberana.

Não gostam disso.
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