Gostava das Orquídeas do Sitio e pediu-me uma muda. Caminhou e se despediu, como se flutusse em pensamentos, ornando com sua experiência, a vida de dezanas de sêres humanos que nasceram de seu ventre. Feliz quem deixa este mundo,deixando a saudade de netos, bisnetos e amigos, como Dona Ivone...
Como falar de uma mulher que convivi durante mais de 50 anos? avó de meus filhos e bisavó de meus netos. Dona Ivone era uma destas pessoas que sempre estava a disposisição para ouvir, dar olhares de afeto e apoio e afago aos seus inumeros netos e bisnetos.
Artista e modelista era passava o tempodesenhandoe bordando lindos enfeites para presentear os amigos. Eu mesmo recebi dela 3 belos panos de prato com lindos ornamentos.
Dona Ivone veio ainda jovem para Macaé. Conheceu e se casou com Eduardo Trindade Coelho. Viveu durante os últimos 60 anos em sua casa na Rua Francisco Portela, na cidade de Macae´, Estado Rio de Janeiro, onde educou e criou seus filhos Lucia Maria,Sonia Maria e Eduardo Manhães.
Com o falecimento de seu companheiro, Eduardo "Seu Dudú", a vida não tinha muito sentido para esta linda artista plástica e modelista de grandes criações. Esteve algum tempo aqui na Estância Vista Alegre, dedicando o tempo com plantios de mudas, regando flores e semeando carinho com seus netos Luis Cláudio, Ana Cristina, José Paulo e sendo paparicada pelos bisnetos Mariana, Ana Clara e João Pedro. Gostava de receber visitas e telefonemas de tantos outros bisnetos.
Vira e Mexe ela me confidenciava que sentia muita falta de seu companheiro e estava um pouco cansada desta vida. Mudava de assunto e falava de seus trabalhos em pano e em grafite.
Falava de sua visita a Grécia e delineava detalhes para os ouvidos atentos de todos quando se via cercada em longas conversas.
De Dona Aydê Manhães, sua irmã que mora em Cananéia, ela sentia imensa saudade e recordava de Nina Manhães, sua outra irmã com imorredoura saudade.
Brincava com seu neto Luis Cláudio e dizia que queria morrer para se encontrar com seu companheiro...
A última vez que estive com Dona Ivone foi a uns 8 dias. Sentamos em sua varanda, falamos de flores, de pessoas e soube dela as últimas novidades da Rua onde morava.
Se era uma despedida, não sei, mais hoje, ao receber a notícia de sua morte, em telefonema de sua filha Lúcia eu senti que Dona Ivone se despedia de mim neste dia. Nunca ela tinha ficado tando tempo conversando nem eu. Creio que falamos mais de duas horas.
Morre uma mulher que sempre se orgulhou de ser Paulista de Marília. Seus pais foram os fundadores desta linda cidade de São Paulo queum dia, nos anos 70, visitei. Conheci seu Tio Arquimédes Manhães e sua Tia Laurita. Ambos amigos do Presidente Getulio Dornelles Vargas.
Dona Ivone tinha história. Deixa uma legião de netos, bisnetos e muitos amigos.
(José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com )