MORRE EM MACAÉ O MINEIRO DE LEOPOLDINA ANTONIO CARLOS DE ASSIS
O mês de março ainda esta começando e me deu vontade de ir à cidade. Rever velhas ruas enfeitadas pela sofisticação e poder abraçar antigos amigos que ainda circulam ou perambulam pelo centro frio de Macaé. As conversas não mudam. Rever estes papos faz parte da existência de qualquer cidade de interior. O mesmo vento ameno que vem do encontro do Rio Macaé com as águas esverdeadas do Oceano trás até meu olfato a sutileza da harmonia natural que o homem ainda não conseguiu destruir nesta cidade de esquecimentos eternos...Soube da presença de Antonio Carlos de Assis e rumo para uma visita. Anuncio minha chegada e a sua companheira é avisada de minha chegada ao prédio. Imagino um rápido olhar dela e o consentimento de minha ida ao seu aposento. Falavam para mim de sua doença, de sua cadeira empurrada por outros e até do "perigo de salvar-se" dos males que seu corpo tinha sito vitima nos últimos meses.
Em poucos minutos me vejo sentado em sua sala à espera de sua presença. “O “velho” Capitão” vem ao meu encontro. Nada de cadeiras de rodas, nada de pijamas e longe de um abatimento corporal. Um simpático enfermeiro o segue com os braços abertos para evitar o tombamento de seu corpo. Nada acontece. Capitão chega para meu cumprimento com o mesmo olhar que conheço hà mais de 40 anos. Com o mesmo sorriso que faz com que sua beleza não se esvai. "Nada de parecer cambaleante na presença do velho amigo". Deve ser seu pensamento ao sentar-se a minha frente. Estava ali o seu companheiro de grandes jornadas sociais e políticas e este não seria nunca o momento de uma flacidez corpórea. Capitão estava firme, pensamento provocado por minha voz amigo lhe fez falar com a firmeza que sempre torneou sua existência.
Elegantemente estende suas compridas pernas que tanto estonteou mulheres e provocou nos homens por onde passou ciúmes e olhares de desconfianças e, mansamente me fala de sua doença. Está a minha frente o mesmo Antonio Carlos dos anos 60 e 70. Mesmo olhar que tanta alegria e sorrisos amenos foram provocados em Cláudio Moacyr, Cláudio Upiano, Euzébio Mello e Filinho Monteiro. O mesmo semblante que conquistou o coração de minha amiga Marilena e o carinho de Carlos Augusto Tinoco Garcia, Paulo Rodrigues Barreto, Álvaro Paixão Junior e do Desembargador Ronald de Souza.
Este Antonio Carlos de Assis estava ali, vivo tentando balbuciar carinho com a minha presença e falando de seus filhos com o mesmo brilho que sempre fluía nos anos de suas infâncias. Orgulhoso das duas filhas que são famosas no mundo artístico e das inteligências dos dois meninos. Ainda dava cartas e jogava de mão o velho comandante das noites...
Mineiro de Leopoldina Antonio Carlos de Assis ousou desafiar a velha sociedade macaense dos anos 60. Uma sociedade bolorenta e cheia de preconceitos. Uma sociedade onde pobre e negro não podia freqüentar seu clube social e que mulher separada era barrada em suas festas. Uma sociedade porcamente falsa, traiçoeira e fedorenta mais que podia comprar perfumes caros. Capitão veio, e nesta falsa sociedade fez o rebuliço que o Colunista de Acontecèncias nos anos 60. Euzébio Luiz da Costa Mello, chamaria de "avesso do avesso". Como nos personagens de "TEOREMA" ele foi espacejando o preconceito e se firmando como vencedor.
Cercado de todo tipo de gente sempre era manchete no O REBATE nos anos 60 e Responsável por longas e inteligentes crônicas do BOM FUTEBOL que sempre determinava o destino das belas jogadas do futebol arte macaense nestes anos.
Raciocínio rápido e olhar que fala foi temido por políticos que se enriqueceram com o desvio de dinheiro público e que se afastavam dele com receio das descobertas de suas falcatruas. Fui sem amigo e jamais o vi participar de qualquer tipo de deslize com o erário público. Vereador, líder empresarial, sua existência marcou uma época de grandes transformações na cidade. Cercado de ricos e pobres ele, elegantemente sem perder a pose, me disse que iria para o Rio de Janeiro.
No inicio do mês de setembro de 2008, recebo um telefonema que me diz de sua morte na madrugada fria deste meio inverno macaense. Morre aos 74 anos o meu velho companheiro de andanças nas noites do Rio de Janeiro, das indormidas madrugadas do O REBATE nos anos 70 onde ele foi meu diretor de publicidade. Antonio Carlos de Assis fez histórias em Macaé e nela está, queiram ou não queiram os ciumentos que freqüentam a escuridão da cidade mais clara do Brasil. Capitão sai deste palco e vai ficar em cena no teatro sério da dimensão maior. Vai juntar-se a outros valores de nossa cidade que, não sendo entendido por aqui o será por certo onde repousa as mentes avançadas.
Criador do Clube dos Diretores Lojistas teve belas idéias sociais durante sua vida na comunidade. Vereador, líder social, previa o crescimento da Região de Petróleo e queria por que queria que a cidade fizesse mais de 15 mil casas populares. Falava sempre que seu grande objetivo era criar cursos profissionalizantes para as pessoas carentes de nossa cidade.
Fizemos grandes projetos quando ousei ser prefeito de Macaé em 1970. Eu, ele, Cláudio Upiano, Euzébio Mello, Armando Barreto, Ivair Nogueira Itagiba, Fernando Frota, Izaac de Souza e muitos Gráficos de nossa História, imaginamos a Macaé dos nossos sonhos. Neles o meu velho Capitão Antonia Carlos caminhava alegre com novas idéias. Falava e gesticulava na certeza de nossa vitória. Sua perspicácia era a marca registrada de sua personalidade. Penava sempre à frente de uma geração que se acocorou ao poder e a acomodação.
Sua morte deixa uma lacuna de difícil preenchimento na vida da Região de Petróleo. As seus familiares os sentimentos de O REBATE ao velho comandante Antonio Carlos de Assis, (José Milbs de Lacerda Gama editor de O REBATE ·).
Com seu filho Guto Garcia e Antonio Sérgio Assis orgulhos do meu amigo Capitão, aos quais passou a a alegria se ser Fluminense e a sua atual companheira Girslane que o tratou com afeto em seus últimos dias de vida, fica a saudade...
As 16 horas de 02.09.2008 Uma grande multidão de amigos, politicos, pessoas da comunidade pobre de Macaé, vereadores e grande comoção marcou o sepultamento do Antonio Carlos de Assis no Cemintério de Santana. O prefeito Riverton Mussi Ramos e todo o seu secretariado estiverm na Câmara Municipal.