Faleceu Hilma, minha amiga desde tenra idade. Hilma Mendes Vieira, tendo acrescentado o sobrenome Maia ao casar com Mário (mais conhecido pelos contemporâneos como Mário Agulha). Ambos fizeram parte de minhas melhores lembranças. Conheci Mário quando sua família veio para Macaé, nordestinos de sangue bom; Mário foi meu irmão de farda, pois servimos juntos ao Exército. Quanto a Hilma, a história é bem mais extensa: era umas das integrantes da numerosa família de João Mendes Vieira e Ceci. João, o lendário Manduquinha, companheiro de boemia do não menos lendário Pixinguinha, acabou fixando-se por aqui, atraído pela beleza e simpatia de uma irresistível morena (palavras dele).
Hilma, se não me falha a memória, era a caçula, abaixo de Lucas, um dos grandes pianistas do seu tempo.
A casa do Manduquinha assemelhava-se a uma creche, tal a quantidade de crianças que por lá circulavam, atraídas pelo quintal grande, com muitas árvores e a rinha de galo de briga que lá existia, além das brincadeiras infantis usuais, que as crianças de hoje desconhecem, preferindo a mudez dos celulares, tablets, etc.
Crescemos e aí é que ficou melhor ainda: Manduquinha tinha um conjunto musical que ensaiava na casa dele e era o grande organizador dos blocos de Carnaval (ah, as Pastorinhas!).
As Alas Branca e Azul, blocos do Tênis, foram fundadas pela nossa geração, e a Vala Verde, uma espécie de versão “avacalhada” das duas Alas, foi ideia da Hilma, com o entusiástico apoio do resto da turma.
Uma faceta diferente da Hilma que talvez poucos conheciam era sua atividade social. Ela pegava uma cadeira de dobrar, colocava embaixo do braço, uma pequena bacia, toalha, pente, tesoura, um cartaz e partia para o Mercado de Peixes; lá, armava seu “salão” e ostentava o cartaz com os dizeres: “Corta-se cabelo de graça”.
Hilma era assim.