Se o "Cansei" já tinha uma imagem polêmica (segundo os lulistas, é golpista), agora perdeu a régua, o compasso e o rumo, com a declaração de um dos seus principais líderes, Paulo Zottolo, que vem a ser presidente da Philips no Brasil. O empresário até pediu desculpas, insuficientes, entretanto, para apagar o incêndio causado por sua frase impertinente, desrespeitosa e até preconceituosa contra o estado do Piauí. Disse ele que "se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado".
O empresário conseguiu o que parecia impossível: juntar, nas críticas à sua desastrada declaração, políticos do PT, do DEM, do PSDB e do PMDB. Um cidadão capaz de dizer coisa como tal não têm condições de liderar absolutamente nada, ainda mais um movimento com viés fortemente político -- e que, na verdade, não tem nenhuma razão de ser.
O movimento "Cansei" não é exatamente golpista, tratando-se apenas de uma reação aos desatinos que se registram na vida pública. Considero-o desnecessário. Agora mesmo, está aí como principal exemplo o presidente do senado, Renan Calheiros, que a cada dia vê a sua situação piorar.
No governo FHC, com conotação semelhante, surgiu o movimento "Ética na Política". Ganhou densidade e o que aconteceu? A falta de ética se aprofundou na política e na vida pública, especialmente no governo Lula.
O empresário Zotollo causou constrangimento. O "Cansei" vai levar a rebarba do disparate do empresário. O Presidente Lula deve está rindo à toa, porque o movimento se adensava no sul/sudeste, para desespero dos petistas que, no governo anterior, costumavam brindar o presidente Fernando Henrique com o coro de "Fora FHC!". Também não era golpismo. Tratava-se de uma simples manifestação, uma forma de protesto, assim com os refrões das velhas passeatas tipo "o povo unido jamais será vencido".
Com um líder como o Zotollo, o "Cansei" cansou e desvairou.
Ismar C. de Souza
Analista de Suporte e articulista free lancer