AVIÃO SEM PILOTO

Chegando em casa no último dia 17, ao ligar a televisão como de costume, pensei estar vendo mais um atentado terrorista. Primeiramente lembrei de dois aviões colidindo com o World Trade Center, refiro-me ao famoso 11 de setembro. Mas para a minha surpresa e maior tristeza, não fora um ataque terrorista. Aquilo era no Brasil, em São Paulo e para meu maior espanto, a menos de 5 quilômetros da minha residência! 

Inicialmente foi difícil de acreditar. As cenas que tantos de nós assistimos naquele dia, acredito que poucas pessoas um dia imaginaram que algo parecido pudesse acontecer.
Acidentes aéreos acontecem sim, sei disso. Pesquisei um pouco sobre o assunto. O primeiro acidente com uma aeronave registrado em solo brasileiro ocorreu em 1958, quando 28 pessoas morreram, um avião Convair da Cruzeiro bateu com a asa em uma árvore. O acidente ocorreu em Curitiba. De 1958 a 2007 ocorreram 33 acidentes com aviões no Brasil; Calma, não quero assustar ninguém, apenas informar. Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a média de acidentes no país é de 0,87 por milhão de decolagem. Será que podemos confiar nesse índice?
Desde o acidente com o Boeing da Gol, em novembro de 2006, que aliás até o momento ninguém foi responsabilizado, foram meses de extrema confusão, com momentos tensos e muitos problemas, desde falhas na manutenção das aeronaves à falta de controladores de vôo, ou mesmo panes nos equipamentos das torres de controle. O caos se instalou por vários momentos em aeroportos de todo o país, principalmente em São Paulo, tanto em Congonhas como em Cumbica.
Após o acidente com o Airbus da TAM, ouvimos de tudo e pouco entendemos. A começar pela falta de diretriz e direcionamento dos órgãos que administram, fiscalizam e operam os aeroportos e o sistema aéreo brasileiro. São tantas siglas que chego a me confundir: Anac, Infraero, Cindacta, Decea etc. Vamos tentar entender um pouco tudo isso. Para começar, todas respondem ao Ministério da Defesa, que exerce a direção superior das Forças Armadas, entre elas, a Aeronáutica. Entre outras atribuições, sobre a administração do espaço aéreo brasileiro, a Aeronáutica é responsável por (especificarei as principais atribuições): Orientar, coordenar e controlar as atividades de aviação civil; Prover a segurança da navegação aérea; Estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a infra-estrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária. Agora vejam como a Aeronáutica, para dar conta dessas funções, distribuiu as responsabilidades e funções para administração do nosso tráfego aéreo. O Comando da Aeronáutica dispõe de órgãos que lhes são subordinados e/ou vinculados, e dos quais vou destacar em seguida os que se referem ao nosso tema. O controle do espaço aéreo tem como seu órgão central o Decea. Por sua vez, ao Decea estão subordinados os Cindacta, cada uma das unidades que tem como missão a vigilância e o controle da circulação aérea geral. Já a infra-estrutura dos aeroportos é de responsabilidade específica da Infraero, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa. Quanto à Anac, ela tem como finalidade, regular e fiscalizar as atividades de aviação civil, bem como adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público.
Que confusão! Não tem como saber quem manda no que, e quem manda em quem. Uma verdadeira salada de frutas! É um problema muito sério, pois me parece que não existe articulação entre os diversos órgãos, cada um atua de forma isolada. Agora ninguém quer assumir a responsabilidade pela maior tragédia da aviação brasileira.
As investigações continuam e, para não me precipitar e ser injusto em apontar os responsáveis, sejam falhas humanas, mecânicas ou mesmo as fatalidades ocorridas, vou aguardar os fatos estarem mais conclusivos para colocar ao amigo leitor minha, como sempre, sincera, indagativa e algumas vezes polêmica opinião.  
Agora, um avião atravessar uma das maiores avenidas da cidade de São Paulo... parece coisa de filme holywoodiano... queria eu realmente que tivesse sido!
Será que além de tudo o que somos obrigados a suportar, aqueles que residem, passam próximo ou trabalham perto de algum aeroporto, terão de prestar atenção nos carros, nos faróis e nas pessoas, inseguros se em algum momento serão assaltados, vítimas de um sequestro relâmpago... e ainda terem de se preocupar se algum avião não vai atravessar a avenida no farol vermelho... ou mesmo a olhar para cima com medo de que algum avião caia em suas cabeças, como já acontecera em novembro de 1996, quando um Fokker-100, avião da mesma TAM, caiu alguns minutos após decolar desse mesmo aeroporto e cair sobre uma área residencial no bairro do Jabaquara. 
O brasileiro tão acostumado com as catástrofes sociais, os escândalos políticos, a criminalidade... é capaz de imaginar que nesse país tudo pode acontecer!
E até o mais incrível aqui acontece... no dia 17 de Julho de 2007, às 18:51, 187 pessoas a bordo e outras que estavam no solo morreram quando um Airbus A320 da TAM, percorreu toda a pista do aeroporto de Congonhas,  virou à esquerda, atravessou a avenida Washington Luiz, e explodiu no hangar da própria TAM.
Ironia, coincidência ou destino? Imagino o que a família Amparo deve ter pensado naquele momento!
Deixo minhas sinceras condolências às famílias que perderam seus entes queridos.
E grito para nossos políticos: Tomem providências! Será que a impunidade vai patrocinar outros acidentes?
Comparo o Brasil a um avião... um avião desgovernado... perdido... fora de controle...sem plano de vôo... sem comandante... sem piloto...
 
Direitos Autorais Reservados
Copyright 2007 Rodrigo Fernandez 

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