Com relação ao correio eletrônico que me enviou sobre a nota “Projetos e Desafios” publicada em um jornal – beneficiário de indevido monopólio dos recursos públicos - da imprensa burguesa local. Preliminarmente, tal correio é desnecessário e sem razão de ser. Se, não, vejamos: Em primeiro lugar, é desnecessário porque minhas convicções são democráticas, pois sei conviver com opiniões contrárias. Em segundo lugar, não tem razão de ser porque as convicções político partidárias que tenho se baseiam em princípios ideológicos e opostos à opressiva, populista e racista burguesia oligárquica que há 31 anos se perpetua no Executivo Macaense. A mesma que você se dispõe passar a servir. O que não vem a se constituir surpresa, conforme veremos a seguir.
Antes, porém, caso sua nomeação venha mesmo ocorrer, não poderá ser considerada cota partidária, a despeito de seu fingimento de petista e opositor da burguesia oligárquica local. Haja vista, o jovem bufão que é o atual alcaide macaense ter feito até agora apenas anúncios através da imprensa acerca de uma propalada Reforma Administrativa. Quanto à não ser surpresa seu oportunismo fisiológico, vamos aos fatos. O filósofo Karl Marx (1818-1883) ensinou “O critério da verdade é a prática” e “A história se repete como farsa, tragédia ou as duas”. Quem se dizia petista e opositor da burguesia oligárquica local pode vir a repetir um colega que fez o mesmo ao deixar a secretaria da subseção 15 da OAB-RJ durante um dos mandatos do alcaide e oligarca anterior.
A diferença é que tal colega nunca se disse petista, porém ele como bom carreirista só deixou o cargo no primeiro escalão do Executivo Macaense para exercer o de responsável pela insuspeitíssima MacPrevi, a previdência dos explorados servidores públicos municipais. O genial líder revolucionário Lênin (1870-1924) ensinou “Com as exceções próprias das regras, não confiais nos advogados que são causídicos do capital e do trabalho”. Isto explica o fato do aposentado petroleiro doutor Juvêncio, enquanto funcionário concursado da Petrobrás, ter exercido na ativa o cargo de causídico, não dos trabalhadores através de uma função no sindicato representativo da categoria petroleira o Sindipetro-NF, mas sim como advogado patronal da companhia estatal.
Como sergipano de Aracaju que se tornou também honrado e ilustre cidadão macaense, o doutor Juvêncio pratica oportunismo fisiológico ao se dispor a aderir a um governo oligárquico, não agindo como seus irmãos negros, colegas e ex-presidentes da OAB Macaé, Sebastião Lopes e o saudoso Pery Gonçalves dos Santos. Ao contrário, ele se inspira em dois personagens negros que traíram a luta antiopressão escravista da heróica República Livre e Popular de Palmares (RLPP), Ganga Zumba e Antônio Soares. Ou seja, assim como a burguesia oligárquica local pretende aniquilar a resistência oposicionista do PT ao qual o doutor Juvêncio sequer se dignou a filiar-se, Ganga Zumba e Antônio Soares contribuíram para a destruição da RLPP. É o que veremos a seguir.
Quando o comandante máximo da RLPP era o jovem Zumbi, em meio ao fogo dos combates, Ganga Zumba traiu os ideais palmarinos, pretendendo conciliá-los com os da Coroa Portuguesa. Esta gastou um mar de dinheiro, investiu um rio de grana em mercenários assassinos apelidados de bandeirantes e a peso de ouro comprou também a traição de Antônio Soares para delatar Zumbi que acabou assassinado e decapitado pelo mercenário apelidado bandeirante Domingos Jorge Velho, em 20/11/1695. Nos próximos parágrafos demonstraremos ainda mais o fisiologismo adesista do doutor Juvêncio que se esconde atrás da retórica intitulada “Projetos e Desafios”.
A menção à música Roda Vida de Chico Buarque é uma demagogia!
Para tentar explicar seu fisiologismo adesista, o doutor Juvêncio busca demonstrar inspiração, ao que tudo indica, na letra da música “Roda Viva” de autoria de Chico Buarque. Trata-se de uma demagogia uma vez que Chico como eleitor petista nunca traiu sua independência, nem o combate à opressão. O aludido destino do fisiológico causídico pelo visto foi mesmo jogado pela roda viva, desta vez, para lá. Isto é, afastado da administração da OAB-Macaé para servir ao governo opressivo, populista e maldisfarçadamente racista da burguesia oligárquica local. Para tanto, ele tenta esconder seu carreirismo em meio à nota intitulada Projetos e Desafios. Façamos então uma análise política sobre o significado de tais expressões.
É o próprio advogado quem revela que tais projetos e desafios não passam de deslavado oportunismo ao dizer “vislumbro a grata e feliz oportunidade, de no novo e desafiador projeto para o qual fui convidado a dirigir, poder implementar e consolidar ações que visem beneficiar um grupo maior, uma quantidade maior de pessoas”. O fisiologismo adesista e a vaidade do advogado o cegam, não permitindo mais que ele possa ser coerente com o que dizia até recentemente “o projeto verdadeiro de mudança em Macaé é o PT através de sua oposição ao continuísmo oligárquico”. Isto, após criticar a desfiliação político partidária praticada pelo presidente anterior da OAB-Macaé. Parodiando o genial cantor e compositor Chico Buarque, quem te viu quem te vê!
Concluindo, o doutor Juvêncio afirma agradecer àqueles que estão depositando esperanças em sua participação no que ele denomina de “desenvolvimento de um novo projeto social e de um novo momento para Macaé”. Pelo visto ele está apostando todas as fichas na ilusória crença de que vá se tornar o primeiro negro a funcionar como “homem forte” do governo municipal através de sua anunciada nomeação para o cargo de Secretário Especial de Desenvolvimento Sustentável. Não foi isto o que afirmou quando questionado na reunião extraordinária do Diretório Municipal (DM) nesta segunda feira, 25, o presidente do PT local “Os petistas que se opõem têm razão, o governo é mesmo ruim! Pode ser que fiquemos lá por muito pouco tempo”.
*jornalista, membro do DM do PT-Macaé (RJ) e coordenador de Organização e Formação Política do Movimento Negro Socialista (MNS).