Ele não vê, contudo, a sua própria imagem irracional quando se lança truculentamente nos embates sociais, ao disputar o território com seu semelhante, na selva de pedra. Não tolera segundos de atraso daquele que se interpõe em seu caminho. Irrita-se e faz de tudo para ultrapassá-lo, mesmo sob o risco de eventual acidente. É capaz de agredir, de formas variadas, os que lhe são próximos, jugando-se justo, afinal, os seus problemas sempre são maiores e mais complicados. Não percebe, infelizmente, que os neurônios não processam a informação devidamente em razão de o orgulho e as emoções ainda predominarem no nebuloso terreno cerebral. É a cegueira dando as cartas no perigoso jogo da raiva e da sorte. Alguém acaba levando a pior.
Quando o homem se apresenta ao seu meio, no entanto, faz boa pose e tenta se mostrar benevolente, manso, adorável e sorridente, por vezes, ocultando assim o comportamento feroz tão vivamente experimentado no cotidiano longe do olhar alheio. Entretanto, a máscara da gentileza estranhamente permanece no seu ator, mesmo nos momentos em que se encontra só; ele não se reconhece como tal, mas como um cavalheiro, à sua moda, é claro. Ele próprio se convence de que é aquilo que desejou ser com o tempo. É o auto-engano. Passa a acreditar na elevada estatura que se desenhou em sua mente. Descarta rápida e escorregadiamente o auto-retrato fidedigno, no qual, impõe-se a realidade.
Contudo, na origem da espécie, ao mesmo tempo em que o ser humano se mostra rude, encerra-se nele também a promessa do desenvolvimento ilimitado, com a ressalva de uma exigência para se atingir as várias possibilidades de se tornar melhor: o exercício contínuo do poder existente em si. É, pois, através do esforço, da vontade e da incansável determinação que se alcança, cada vez mais, a grandiosidade a que temos pleno direito.
Eis o milagre que subjaz silencioso no íntimo de cada um. De todos, sem exceção. É a grande promessa, mas que requer o empenho pessoal para que se opere a ascensão de cada passo na escalada do monte que conduz ao êxito. Não o sucesso superficial que se desmancha. Mas a vitória de se tornar alguém capaz de marcar favorável e profundamente a si mesmo e aos demais; o registro vivo que não se apaga. Aquele que pode tudo quanto lhe convier, porque simplesmente possui a estatura necessária do desenvolvimento.
Convença-se: Você é a grande promessa de si mesmo!
*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP - 06/69637), consultor em gestão de pessoas, professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. Co-autor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.