Minha carreira esportiva é marcada por muito sofrimento, sendo o principal, a falta de recursos para treinos e apoio para as viagens de competiçäo. Não sou uma atleta de 5a, tenho muitos títulos nacionais e já competí na Holanda em 2005 e Canadá em 2007 (onde somente os 04 melhores atletas, por categoria), são classificados para representar o seu país. Em setembro próximo eu deveria competir em Portugal na Loulé Cup, mas não vou, porque minha mãe não pode pagar as despesas. O custo para um campeonato mundial, vai de R$6.500,00 a R$12.000,00. Além disso, tem campeonatos nacionais e Júnior, todos os anos, e sempre fora do Rio, com despesas em torno de R$2.500,00. Não é só isso, as despesas mensais com treinamentos são altas. Este ano já competí em Goiânia-GO em junho, minha mäe ainda está com as dívidas, tenho competição em Ouro Preto-MG, em setembro. Aí pergunto, quem pode ser atleta no Brasil, pagando todas as despesas, viagens, hospedagens, investimento nos treinos... E tem mais, não sei se é comum em todas as modalidades, mas na Ginástica de Trampolim até as despesas no técnico, são rateadas pelas atletas por ocasião das viagens(passagem,hospedagem, alimentação). Ainda tem as taxas de arbitragem e de competição.
Meu grito é para que as políticas sociais no Brasil não sejam enfeites de mesa ou gaveta, e os projetos não sejam pilhas de papel para oportunistas mostrarem na mídia para se promoverem, principalmente em época de eleiçöes.
Quando nasceu a bolsa atleta, projeto do Gov. Federal, os atletas pensaram que seria uma realidade para a maioria em carreira. Aí vem a exigência, para participar desse projeto, além de outras exigências, o atleta deveria participar dos jogos estudantis anualmente. Mas, onde são realizados e quais modalidades??? Tudo parece uma enganação! Agora o governo do Rio (SUDERJ), criou a bolsa atleta estadual. Fiz a inscrição em março, e até agora a única coisa concreta, é que alguém atende ao telefone e pede para continuar ligando que vai sair... Será no mês das eleições? Tudo é tão ridículo que fica ridículo dizer! Estou inscrita para um benefício de R$250,00/mês e por um período limitado. Um atleta que treina 3 a 4 horas todos os dias, que tem títulos, representa seu país no exterior, está na mesma condição para recebimento da bolsa atleta, que uma criança iniciante numa escolhinha, treinando 1h duas vezes na semana, e que não necessariamente seguirá a carreira esportiva. Inclusão social é uma coisa, apoio esportivo é outra!
Será que os políticos subestimam o intelecto dos eleitores?
Quem são essas pessoas que criam e aprovam projetos? Eu quero pensar que sejam conhecedores da real necessidade do investimento. Elas devem saber diferenciar uma coisa da outra!
Se eu pudesse fazer uma escolha hoje, escolheria sair do Brasil para treinar no Canadá, ou outro país, onde me sinta respeitada, e onde o conceito de sustentabilidade não seja apenas o uso da palavra sustentabilidade.
EU QUERO APOIO NO MEU PAÍS OU ELE NÃO SERVE PARA MIM!!!
Clara Beatriz Duarte Ferreira Porreca