Gostaria de expor a visão de um estudante a cerca do projeto de lei que poderá destinar 50% das vagas de universidades federais a alunos de escolas públicas, no intuito de incentivar a publicação de algum editorial ou matéria acerca do que trato abaixo.
As duas faces da inteligência brasileira
Eis o modo como o governo pode enganar o povo: por um lado defende a participação das classes baixas na universidade, contudo a meta é clara: favorecer as instituições particulares e derrubar o ensino público.Uma vez aprovado o projeto da senadora Ideli Salvatti, lá se vão metades da UNIFESP, da UFMG, da UFRJ e demais universidade com "F" [de federal]. Enquanto alunos despreparados preenchem vagas nas melhores universidades (que, por sinal já não formam tão idôneos profissionais como outrora, vistas as baixíssimas médias das turmas no último ano de medicina), aqueles que receberam educação adequada para lá estarem presentes vêem, literalmente, seus sonhos reduzidos à metade.
Mais do que outra ação de preconceito aos brancos, a lei é uma jogada política brilhante (para adeptos de Maquiavel): ao impedir que alunos aptos entrem em faculdades, o governo, fingindo ser indiretamente, desviará "metade" da camada nerd para universidades privadas, o que as tornará melhores; concomitantemente, as públicas serão enfraquecidas, pois terão que amenizar suas avaliações para serem capazes de ter alguém formado. Assim o povo, em curto prazo, ficará contente com a medida que beneficie às camadas baixas, sem ver o que está oculto: o declínio das entidades estatais e o fortalecimento (vejam só!) das particulares. Creio que a nação conhece (ou deveria conhecer) essa situação: populismo.
A tática para burlar o novo sistema é simples: se se tem dinheiro, estuda-se à noite no ensino público e aprende-se "de verdade" nos cursinhos do período diurno. Conclusão, o "financeiramente sortudo", participa da cota pública tendo obtido ensino privado.
Resta ainda lembrar que jamais uma política adotada nesse país copiando o Norte, surtiu resultados benéficos. "Ah, mas na Europa é assim", ótimo, então teremos ensino europeu, entretanto somente àqueles que puderem pagar.
Logicamente, o maior prejuízo cabe àqueles miseráveis, porém engajados. Atentemo-nos um instante à situação dos bolsistas: não estarão inclusos na cota, por receberem educação "de rico", embora não possam pagar faculdades. Afinal, sempre são esses que um governo tenta combater: os que conhecem a miséria bem como a riqueza e a verdade.
Outra vez estamos diante do desenvolvimento, outra vez há alguém para puxar nossa perna no governo (o que pensaria Rui Barbosa? Um outro encilhamento?).
Noto, pois, na nação, duas faces.
Saveri Silva, Marlon
Estudante, vestibulando.