MARCOS TEXEIRA ESCREVE AO EDITOR MILBS SOBRE SENAI E DÁ SUGESTÃO

Caro José Milbs,

Muito importante sua crônica, publicada na última semana, sobre os áureos tempos do SENAI em Macaé . Entretanto, gostaria de dar maior abrangência ao assunto, uma vez que não vejo nos meios de comunicação, nem na parte que cabe ao Governo, uma discussão séria e pertinente sobre o chamado "SISTEMA S" SESI/SENAI/SESC/SENAC/SEST/SENAT/SENAR. Antigamente o Senai, além de ensinar variadas profissões aos alunos, também tinha no seu orçamento, uma verba destinada a remunerar seus aprendizes. Normalmente, em Macaé, esses alunos, tão logo terminavam o aprendizado, eram empregados na Rede Ferroviária. Depois, nos anos 70, a remuneração baixou consideravelmente e não havia mais garantia de emprego na Rede Ferroviária.
Ninguém notou, mas era o começo do fim, paradoxalmente, com o advento da instalação da Petrobras em Macaé.
Quando mais se precisava de mão-de-obra especializada, fechou-se uma porta onde jovens macaenses, poderiam pavimentar o futuro.
Não vi nenhum político esbravejar com sinceridade ou agir incisivamente para reverter a situação. Hoje desconfio que o plano para a desestruturação do Senai (em nível nacional) foi ardilosamente construído nas Federações das indústrias. Especialmente na FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo)e na FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), que, como é de conhecimento geral,investem nas campanhas políticas em candidatos que lutam por suas bandeiras.
A arrecadação monstruosa dessas entidades não é de conhecimento da grande massa populacional. Imagine que 2,5% da folha de pagamento das empresas é, obrigatoriamente, destinada a essas instituições. De cunho, originalmente social, o Sistema S, hoje não socializa nada. Qualquer curso que se queira fazer numa dessas "escolas" tem-se que pagar.
Enquanto isso, os presidentes dessas instituições, suas diretorias, conselheiros, etc., se eternizam nas suas entranhas e vão aperfeiçoando os métodos de ação e jogo de cintura para não serem mexidos ou questionados.
O assunto é longo e pode enfadonhar o leitor, porém, em forma de provocação, gostaria de colocar no foco as seguinte perguntas:
- Por que o SENAI cobra por seus cursos mesmo tendo arrecadação suficiente para patrociná-los gratuitamente?
- Por que a grande imprensa não faz matérias revirando as vísceras do SISTEMA S?
- Por que o SESC não divulga que qualquer comerciário tem direito de passar parte de suas férias ou lua-de-mel em vários hotéis que a instituição tem espalhados por todo o Brasil, pagando uma diária de acordo com seus rendimentos?
- Por que a Colônia de Férias de Macaé foi desativada, colocando na rua dezenas de trabalhadores antigos e não se construiu uma nova?
- Por que Macaé não tem um Centro de Atividades do Sesc nos moldes dos que existem no Rio de Janeiro e Campos?
- Por que o social dessas entidades se restringe apenas a seus apaninguados?

Taí provoquei...

Um abraço,
Marcos Teixeira
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