MARCOS TEIXEIRA, AMIGO DO EDITOR MILBS, OBSERVADOR E CRONISTA, FALA DOS BARBEIROS.

Olá José Milbs,

Devido a sua abertura (Quando quiser mande noticias, textos etc. Fale de sua estada em Macaé de seus amigos e familiares, Tentarei coloca-los nas minhas histórias), me senti incentivado para lhe confidenciar que eu, diferentemente de vc, tenho completa ojeriza por barbeiros. Não, não o ser humano, mas o profissional na hora da execução do trabalho. Li seus textos/crônicas e fiquei aqui pensando com certa dose de "inveja": "Esse cara conhece uma infinidade de barbeiros, frequentou com prazer inúmeras barbearias e, com certeza, sorveu muitas histórias nesses ambientes. Concordou, discordou, conversou, observou, criticou, teimou, aquiesceu, fez conjecturas vãs e sólidas, incentivou o contraditório, apaziguou ânimos mas também se sentiu bem em boas pendengas. Enfim, viveu intensamente (às vezes mornamente) esses momentos que lhe enriqueceram a alma e também a vida". 

Eu, ao contrário, infelizmente não bebi nessa fonte. Ainda pequeno a minha birra (ou trauma) começou com um barbeiro chamado Seu Zica (que também consertava guarda-chuvas e sombrinhas). Sua barbearia ficava na Rua da Igualdade, perto da padaria São Jorge. Ele usava máquina manual e não se importava de repuxar o cabelo enquanto a máquina mascava. Se eu relutava, segurava firmemente minha cabeça com uma das mãos e, com a outra, fazia seu trabalho. Eu suava e segurava o choro.
A infância passou e no início da adolescência fui morar num novo bairro/loteamento, atrás da oficina da Rede Ferroviária, o Parque Valentina Miranda... Seu Zica nunca mais. Agora eu era livre para ir ao barbeiro que quissesse. Ia no Morro do Carvão, nos Cajueiros, na Praia Campista, no Miramar, mas nunca criava empatia. Não havia, nem nunca houve fidelidade da minha parte. Sempre me senti desconfortável dentro duma barbearia.
Cresci, fiquei adulto e nada. Corri por todos os bairros de Macaé sem querer muito papo com os barbeiros.
Aí é que está a questão. Quase todos os barbeiros, querendo puxar assunto, sempre faziam algum comentário sobre o tempo feio ou o calor. Perguntavam quem era meu pai (Você não conhece não - respondia). Insistiam eu a contragosto dava alguma pista e  falavam quase uma dezena de nomes, sempre errados. Agora, o cúmulo do aborrecimento pra mim era ficar na cadeira, com aquele pano branco em volta do pescoço com a cabeça molhada, com cara de babaca, enquanto o barbeiro ia pra calçada ou até mesmo pro meio da rua batendo o pente na tesoura, empolgado com o passarinho no porta embrulho da bicicleta ou nas mãos de um desocupado qualquer que parava em frente a barbearia para falarem sobre o "canti" do bichinho (tiuitituiti...). É sacanagem....
Passei a observar antes de entrar numa barbearia, se tivesse gaiola com passarinho, não entrava... mesmo assim não havia jeito, também me aborrecia a indolência dos barbeiros. Os gestos lentos, o arrastar das sandálias, o barbeiro que fazia questão de se dizer flamenguista, com a felicidade incontida quando seu time ganhava... tudo nesse profissional me aborrecia. Eu sofria terrivelmente toda vez que precisava cortar os cabelos.
Me casei e, dois anos depois, tive um "estalo": Por que não pedir à minha mulher para fazer um curso de cabeleireiro no Senac? E não é que ela aceitou? Depois disso meu amigo, foi só felicidade, nunca mais entrei numa barbearia para cortar os cabelos.
Você deve estar se perguntando: Ué, no seu caso que não gosta do "processo filosófico" do ambiente, vai-se a uma barbearia para se fazer o quê senão cortar os cabelos?
Aí meu caro é que entram as artimanhas do destino... me casei com uma filha de barbeiro. 
 
É a pura verdade.
 
Um abraço,
 
Marcos Teixeira

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