Presidente se recusa a receber vítimas de Santa Elina

Uma das principais testemunhas, fora as próprias vítimas, do Massacre de Corumbiara, o presidente da República, continua se recusando a receber o Comitê de defesa das vítimas de Santa Elina - Codevise.


Desde o dia oito de agosto, quando o massacre completou 12 anos, 60 vítimas estão acampadas em precárias condições em frente ao Congresso Nacional. As vítimas de Santa Elina têm recebido apoio de todos que honestamente se dignam a ouvir os companheiros. Não teve quem não se emocionasse quando, na sexta-feira, os companheiros deram seus depoimentos no Plenário da Câmara dos deputados ao presidente, deputado padre Luiz Couto, e ao assessor jurídico da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Oito dos 11 parlamentares de Rondônia e diversos sindicalistas peticionaram ao Presidente para que ele receba as famílias.
No Seminário Nacional Memória da Luta pelos Direitos Humanos no Brasil, que aconteceu em Brasília, entre os dias 16 e 18 de agosto, organizado pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos e pelo Núcleo de estudos para a paz da Universidade de Brasília, várias intervenções foram de autocrítica por ter deixado o Massacre de Corumbiara - o espisódio mais sangrento e violento de repressão à luta popular após o gerenciamento militar - ter caído no esquecimento. Ao final, uma moção de apoio ao Comitê de defesa das vítimas de Santa Elina (Codevise) foi aprovado. Nesta moção, reitera-se o pedido de indenização a todas as vítimas e a audiência com o Presidente.
A Comissão brasileira justiça e paz e o Conselho de Direitos Humanos do Distrito Federal visitaram o acampamento das vítimas. Diversos populares e funcionários públicos se solidarizaram e contribuíram financeiramente para a compra de alimentos; uma freira doou colchonetes. Só o Presidente insiste em torturar as famílias sob o sol escaldante do dia e o frio intenso da noite na Esplanada dos Ministérios. As famílias também estão sem banheiro, sem um lugar onde possam tomar banho e fazer sua higiene pessoal, sendo que muitas deles começam a ter os problemas de saúde agravados, muitos dos quais foram resultado do Massacre de Corumbiara.
Uma vez mais o Presidente se faz de cego, surdo e mudo. Ele que foi uma das testemunhas do Massacre e diante dos camponeses - que se encontravam em hospitais, ginásios de esportes, no acampamento para o qual foram levados após o massacre e mesmo na Fazenda Santa Elina, quando os camponeses lhe mostraram em cisternas os corpos das vítimas - prometeu que se um dia fosse eleito, a Fazenda Santa Elina seria entregue aos camponeses e repararia uma das maiores agressões cometidas pelo Estado contra o povo após o gerenciamento militar.

Comitê de defesa das vítimas de Santa Elina - Codevise
19 de agosto de 2007.

 

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