Nós da Área Canaã (na região de Ariquemes) estamos correndo o risco de sermos despejados de nossas terras, de termos nossas casas, criações e roças destruídas pela polícia e pistoleiros. Uma ordem judicial pode ser cumprida a qualquer momento.
Somos centenas de homens, mulheres, jovens e crianças. Vivemos, estudamos e trabalhamos com dignidade, retiramos nosso sustento de nossa terra, com nosso próprio suor. Nossa produção também é vendida na cidade.Quando chegamos, em 2003 as fazendas “Arrobas” e “Só Cacau” estavam totalmente abandonadas. Até franceses que moram em São Paulo estão entre os que se dizem donos das terras. O único documento que eles têm é um contrato com o Incra, que dava a eles o direito de trabalhar na terra, não a posse dela. Não cumpriram o contrato e ainda usufruíram de financiamentos, conseguidos graças ao documento.
Criação de porcos no acampamento Canaã
Hoje dá gosto andar no Canaã! Temos várias casas, tuias, galinheiros, chiqueiros, gado leiteiro, farinheiras, cacau e café secando, arroz na pilha, feijão pra colher, horta e vários outros cultivos. Temos um barracão da Assembleia, um postinho de saúde, uma máquina de limpar arroz e uma triadeira, mais de 10 quilômetros de estradas construídos e reformados com nossos esforços. Um ônibus escolar passa no Canaã duas vezes por dia para buscar os alunos. Também temos duas turmas de alfabetização de jovens e adultos.
O juiz Danilo Augusto Kanthack Paccini há muito tempo persegue os camponeses que lutam pelo sagrado direito à terra. Em 2006, quando ele atuava em Buritis, pistoleiros do latifundiário Lourival assassinaram dois camponeses do Acampamento Jacinópolis 2 e atingiram um tiro na cabeça de um menino de 12 anos. Apenas 4 meses depois, Danilo Paccini expediu uma ordem de reintegração contra os camponeses do acampamento.
Em 2009, camponeses do Acampamento João Batista ( em Rio Crespo ) foram despejados e atacados por pistoleiros da grileira Maria Della Libera. Um jovem foi torturado e um líder camponês levou dois tiros e escapou por pouco de ser assassinado. Estes crimes da grileira foram encorajados por Danilo Paccini numa audiência um mês antes. Ele disse aos gritos: “No acampamento não tem sem-terra, só tem bandido!”
Os verdadeiros bandidos em Rondônia são os latifundiários e seus agentes: juízes, politiqueiros, imprensa vendida, polícias, além de seus bandos armados. O juiz Danilo Paccini já mostrou para quem ele trabalha.
O juiz não se importa se vamos passar fome e desemprego na cidade. Mas nós temos um recado: somos camponeses, trabalhadores honrados. Não somos cachorros para os senhores pisarem em cima. Já sofremos muito no Canaã, fomos despejados várias vezes, pistoleiros queimaram nossas roças e criações, a PM prendeu e torturou dois jovens camponeses. Estas terras são nossas, não sairemos daqui!
Camponeses, trabalhadores e população em geral de Ariquemes e Jaru, precisamos do apoio sincero de todos. Denunciem este despejo absurdo. Denunciem as perseguições do juiz Danilo Augusto Kanthack Paccini contra os camponeses. Com nossa união e luta podemos impedir o despejo.
Panfleto distribuido aos camponeses da região
A terra é de quem nela trabalha!
O povo quer terra, não repressão!
Comissão de camponeses da Área Canaã
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental