Na quinta-feira, dia 09 de outubro, cerca de 40 de famílias ocuparam o latifúndio denominado Fazenda Baiana, localizado no município de Pentecoste, Estado do Ceará. No dia seguinte aproximadamente 25 famílias se encontravam no local construindo seus barracos e fazendo demais trabalhos de organização do acampamento quando foram surpreendidas e logo expulsas por policiais civis e militares da cidade de Pentecoste, a mando do latifundiário Osvaldo Forte, que, em outro episódio, já fora capaz de dar um tiro no pé de um camponês que trabalhava em sua fazenda pelo fato de o mesmo ter se recusado a cumprir uma ordem, como relataram alguns camponeses. A frente do efetivo policial veio o oficial de justiça que, de maneira truculenta, foi mandando que as famílias deixassem o local. Dois companheiros pediram para ver o pedido de reintegração de posse, o oficial de justiça se recusou , afirmou que também não seria permitido a ninguém ficar com cópia do documento e mandou prender os dois companheiros. Estes companheiros foram algemados e colocados numa Hi-lux preta que, conduzida pelo motorista do prefeito da cidade, foi levada para a delegacia da Polícia civil de Pentecoste. Durante o trajeto os companheiros sofreram agressões físicas e psicológicas. Um policial, bastante conhecido dos camponeses, dentro do carro, encostou a pistola no abdômen de um dos companheiros e acionou o gatilho várias vezes, numa espécie de "roleta russa", com o claro intuito de torturá-lo psicologicamente para aterrorizá-lo.
Os polícias tomaram os instrumentos de trabalho dos camponeses (foices e outros utensílios) e expulsaram as famílias tentando fazê-las dispersar, entretanto uma parte delas voltou a se reunir e montou acampamento em outro local, onde reafirmam a decisão de persistir na luta por um pedaço de terra, mesmo diante do clima de terror que o latifundiário procurou espalhar pela cidade através da polícia.
Ações como estas devem ser repudiadas por toda a sociedade. A luta dos camponeses pobres por acesso a terra é a principal reivindicação do movimento popular em nosso país, a falta de terra para que os camponeses possam trabalhar é a herança dos séculos de opressão que o latifúndio tem exercido sobre os camponeses pobres. Por isto a luta pela terra não é crime e os camponeses em luta não podem ser tratados como criminosos. A conivência com atitudes a que houve em Pentecoste na última sexta-feira pavimenta o terreno para a ocorrência de episódios ainda mais lamentáveis como os massacres de Eldorado dos Carajás e Corumbiara, só pra citar alguns dos exemplos mais recentes, que marcaram com sangue a história do movimento camponês em nosso país.
Esperamos que a sociedade cearense não permita que uma escalada de repressão e criminalização do movimento camponês se instaurem em nosso Estado. Conclamamos todos os democratas de nosso Estado e nosso país a repudiarem de maneira veemente esta ação absurda. Exigimos das instituições e órgãos competentes medidas para que os responsáveis pelo fato ocorrido sejam devidamente punidos e que tal fato não volte a se repetir.
Abaixo a criminalização do movimento camponês!
O povo quer terra e não repressão!
Favor enviar manifestações de repúdio para os seguintes endereços:
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Pentecoste, 13 de outubro de 2008.
Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste – LCP/NE