A Liga Operária retransmite matérias publicadas no Jornal “Causa
Operária”, hoje, dia 11 de abril, denunciando o massacre perpetrado
contra os camponeses de Rondônia e a situação dos sobreviventes do
acampamento Conquista da União, no município de Campo Novo – RO.
Famílias sobreviventes estão à beira da estrada, ameaçadas de morte, sem abrigo e sem alimentos.
Os jagunços permanecem cercando o acampamento, a postura das autoridades é de completa paralisia e conivência com mais este crime cometida pelo latifúndio.
Segundo relatos dos camponeses ocorreu ocultação de cadáveres por parte dos jagunços que em uma caminhonete de propriedade da família “Catâneo” passaram todo o dia 9 de abril transportando e escondendo corpos de camponeses trucidados.
A Liga Operária convoca à todos os democratas e pessoas de bem à se solidarizar com os camponeses de Campo Novo, enviando alimentos, roupas e denunciando mais esse inaceitável crime do latifúndio.
Terra para quem nela trabalha!
Rondônia
Famílias sobreviventes estão à beira da estrada, ameaçadas de morte
A equipe do Causa Operária Notícias Online em Rondônia foi até a área onde permanecem famílias dos sem-terra que sobreviveram ao massacre do acampamento Conquista da União, onde podem ter sido mortas até 15 pessoas
11 de abril de 2008
Jaru, Rondônia
As cenas no local são desoladoras. Cem pessoas, das 900 que inicialmente permaneciam no acampamento Conquista da União estão em uma área localizada à beira da estrada a algumas centenas de metros do acampamento, que permanece cercado por pistoleiros. O local havia sido incendiado pelos jagunços e por isto alí estão os restos do que foram barracos de madeira em cinzas.
Os sem-terra, que perderam as suas ferramentas, procuram improvisadamente levantar com folhas de bananeira o teto de novos barracos. Com pouca comida, à base de água, os trabalhadores permaneciam até a tarde de ontem sem mantimentos. Sem cobertores ou abrigos estes permanecem também com a roupa do corpo com a qual haviam fugido do local do crime, muitas delas sujas rasgadas ou fustigadas pela fuga. Alguns sem-terra fugiram descalços caminhando vários quilômetros para fugir dos tiros. Muitos se feriram em quedas e estão também sem medicamentos. Estes perderam tudo: documentos, roupas, dinheiro que foi roubado ou incendiado pelos jagunços da famílias Catâneo.
Alguns sem-terra voltam aos poucos em grupo para aquele local depois de terem fugido para as cidades próximas, aterrorizados. Várias crianças estão no local.
As famílias estão ali ameaçadas de novos ataques, sem qualquer providência das autoridades que mantém um criminoso silêncio mesmo depois de denúncias e tentativas de contato dos sem-terra. A Ouvidoria Agrária Nacional chegou a prometer a presença no local, mas sequer deu satisfações.
Por isso, os sem-terra se organizam por meio de suas próprias forças. A liga dos Camponeses Pobres presta ajuda às famílias sobreviventes, levando mantimentos e roupa aos desabrigados e trabalhadores das cidades próximas enviam ajuda.
Este é um retrato do que pretendia a campanha criminosa do governo estadual de Ivo Cassol contra os sem-terra, apoiado na imprensa burguesa e no silêncio das autoridades que encobrem o que pode ser um dos maiores massacres aos sem-terra de Rondônia.
Jacinópolis, Rondônia
Massacre preparado e encoberto por toda a burguesia
Em Jacinópolis, Rondônia, nesta quarta-feira pode ter ocorrido um dos piores massacres contra os sem-terra na história do estado, que está sendo encoberto por toda a imprensa burguesa, a mando do governo de latifundiários de Cassol
11 de abril de 2008
Jaru, Rondônia
Em Jacinópolis, a 400 km da capital Porto Velho, na área do Catâneo, ocorreu um massacre nesta quarta-feira, que está sendo encoberto por toda a imprensa burguesa e o governo latidundiário do governo Cassol. A área é conhecida por este nome por ser dominada pela família Catâneo, uma das maiores famílias de latifundiários do estado.
Segundo relatos de sem-terra colhidos diretamente em Rondônia pela equipe da Causa Operária Notícias Online, uma verdadeira operação de guerra foi armada por latifundiários e teria terminado com a morte de 15 sem-terra no acampamento Conquista da União.
Os acampados, que chegavam a cerca de 900 pessoas, foram surpreendidos às 7h30 da manhã da última quarta-feira, dia 9, por pelo menos 80 pistoleiros armados com fuzis e escopetas. Encapuzados, os capangas atiraram para matar todos que estavam à sua frente. Gritavam, "aqui somos os homens do Amorim, desocupa, desocupa", relataram os camponeses. Amorim, aos quais os jagunços se referiram, é Ernandes Amorin, ex-senador do estado, e agora deputado federal pelo PTB. O parlamentar assassino, mandante do massacre é ligado à família Catâneo que possui inúmeras terras na região e empresas e serraria. Esta família possui um histórico de assassinatos impunes dos sem-terra.
Com coletes à prova de balas e armados até os dentes com farta munição os “homens do Amorim” levavam sacolas com balas e recarregavam ali mesmo seus cartuchos. Segundo os relatos, o tiroteio teria durado duas horas.
Os jagunços queimaram todos os pertences que os camponeses tinham e todos os barracos de madeira montados no local.
Cerca de 100 pessoas fugiram e permanecem na beira da estrada próxima ao local. O resto das pessoas, aterrorizadas, fugiu para cidades próximas.
Segundo os sem-terra, há 30 desaparecidos até o momento, sendo destes duas crianças, um senhor de 70 anos e uma mulher grávida. O número de mortos não pode ser confirmado, pois os pistoleiros ainda cercam o acampamento.
Os sem-terra, a Liga dos Camponeses Pobres, O Partido da Causa Operária e outras organizações que apóiam a luta dos trabalhadores pela terra, diante de tal massacre, tentaram contactar autoridades federais. Foram contatadas desde a Polícia Federal até o Ministério da Justiça, assim como os órgãos oficiais responsáveis pela questão agrária, o Incra, a Ouvidoria Agrária Nacional, mas de nenhum destes se obteve qualquer resposta. Quase 48 horas depois de denunciado o massacre, nenhum órgão do Estado sequer compareceu ao local.
Além disto, não se sabe se estão mantidos sem-terra como reféns pois não se têm qualquer acesso ao local do crime, cercado por um grupo de pistoleiros, atirando em quem chegar próximo dali.
Já o jornal Folha de Rondônia, de Ivo Cassol, teve acesso ao local para publicar em sua matéria de editorial de hoje (11) que não houve mortos, que são apenas boatos dos sem-terra.
Como nos regimes de exceção, típicos de ditaduras militares, impõe-se a verdadeira terra sem-lei, onde quem governa são os latifundiários e seu grupo de capangas assassinos. Esta situação reina impunemente em Rondônia, e vem acontecendo em uma escalada repressiva sem precedentes, isto com a total cobertura dos governos estadual e federal e também da imprensa burguesa em nível nacional.
Isto só confirma o plano orquestrado pelo governo Lula e o governo do latifundiário Ivo Cassol para perseguir e massacrar os sem-terra de Rondônia.
Os maiores jornais do País mostram o plano montado para encobrir um crime que vem sendo planejado há semanas pela imprensa mais venal do País, como a revista Istoé, que vem atacando os sem-terra e especialmente a Liga dos Camponeses Pobres como um bando de guerrilheiros super-armados e ligados ao narcotráfico.
A campanha persiste, dando eco às imprensas locais de Rondônia, controladas diretamente pelos latifundiários.
Jornais como a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, fazem parte diretamente do complô. O primeiro publicou sem nenhum destaque na última quinta-feira uma matéria minúscula de um parágrafo dizendo que houve um possível massacre mas que ainda não havia sido confirmado pela polícia. O Estado de S. Paulo sequer publicou qualquer matéria sobre a chacina, mesmo depois de 24 horas do massacre.
Já os jornais da região de Rondônia, que não puderam esconder o massacre, publicaram este sem destaque mas continuando a campanha incriminando o movimento.
O jornal “O Estadão” de Rondônia trouxe na capa duas manchetes de destaque, uma dizendo que "massacre deixa 15 mortos" e outra de que as FARC fazem recrutamento de soldados em Rondônia, se referindo ao movimento da LCP.
O jornal do governador do estado, Ivo cassol, Folha de Rondônia, publicou matéria principal desmentindo o fato, dizendo que as denúncias dos sem-terra são apenas boatos falsos.
A equipe do Causa Operária Notícias Online, que esteve no local onde permanecem os sem-terra acampados à beira da estrada, recebeu a informação do massacre diretamente dos sobreviventes que relataram as cenas de mortes e dizem que ainda ao tentarem se aproximar da área do massacre para recuperar suas motos receberam tiros como resposta.
Toda a burguesia, representada pelo governo Ivo Cassol (ex-PSDB e PPS), o governo dos pistoleiros acobertado pelo Incra, a Ouvidoria Agrária e os ministros de Lula, procura esconder o massacre promovido em Rondônia, área de maiores conflitos do País, como parte do plano para promover um massacre em todo o estado contra os sem-terra em benefício de alguns poucos grandes capitalistas que tem interesse nas áreas ocupadas por eles.
É necessário que todas as organizações ligadas ao movimento sindical, estudantil e popular denunciem amplamente este massacre e se coloquem de corpo e alma em defesa dos sem-terra. O Partido da Causa Operária apóia a luta dos sem-terra e da LCP, repudia veemente a repressão promovida pelos latifundiários e levanta um programa de luta para o campo.
Reforma Agrária já!
Fim do latifúndio! Expropriação das terras dos latifundiários sem indenização! Terra para quem nela trabalha!
Abaixo a criminalização dos sem-terra!
Punição imediata aos assassinos dos sem-terra!
Desde o ataque da Istoé
Antes de massacre, nas duas últimas semanas lideranças dos sem-terra foram assassinadas a sangue frio em Rondônia
11 de abril de 2008
Antes do massacre no acampamento Conquista da União em Rondônia, pelo menos oito sem-terra foram mortos desde o dia 19 de março.
Destes oito, três eram lideranças do movimento. No dia 18 e março, Bentão (fotos), um dos fundadores da Liga dos Camponeses Pobres e o mais antigo membro do grupo, foi assassinado a sangue frio em uma estrada de barro próxima a um acampamento com um tiro de calibre 12 na cabeça e vários no tórax.
Na região de Jacinópolis, mesma onde ocorreu o massacre desta quarta-feira, mais duas lideranças dos sem-terra foram mortas no último dia 25 de março. Um era conhecido por Bigodinho e o outro por Grande (Davi). Ambos foram brutalmente assassinados em suas casas.
Os outros cinco mortos eram trabalhadores apoiadores do movimento que estavam em áreas de acampamentos mortos nas duas últimas semanas, mortes que a imprensa burguesa sequer tem noticiado.
Somando-se estas mortes com as 15 mortes denunciadas no último massacre, estão superados os números do massacre de Corumbiara ocorrido em 1995, quando as autoridades publicaram oficialmente 16 mortos.
Este é exatamente o resultado pretendido pela campanha da imprensa burguesa, especialmente da revista Istoé que desfechou uma ampla campanha ideológica criminalizando os sem-terra de Rondônia que faz parte de um plano muito maior planejado para defender interesses econômicos de um punhado de famílias de latifundiários contra as dezenas de milhares de famílias de sem-terra de Rondônia.
Rondônia
Liga dos Camponeses Pobres e PCO respondem em Rádio de Jaru/RO às mentiras dos latifundiários
10 de abril de 2008
A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Jarú, acompanhada por um membro do Partido da Causa Operária, participou de um programa na rádio FM do Povo, da cidade de Jaru e que abrange ouvintes em 23 municípios da região, respondendo as mentiras que a imprensa burguesa vem publicando nos jornais do estado e em revistas venais de todo o País, como é o caso da revista Istoé.
A líder nacional e de Jarú da LCP, Madalena, e o companheiro Francisco, também de Jarú, responderam à revista Istoé e aos jornais da região, como a Folha de Rondônia, do governador Ivo Cassol, que esta semana publicaram mais mentiras sobre os sem-terra da LCP.
Na entrevista a líder do movimento começou respondendo qual é a origem da Liga dos Camponeses Pobres que surgiu com o massacre de Corumbiara em 1995, surgindo da necessidade dos camponeses na região de levantarem um movimento inpedendente de direções como a do MST que não apoiou os camponeses em Corumbiara à época do massacre.
Francisco, quando perguntado sobre por que os sem-terra que apoiaram Lula nas eleições agora rompem com este governo, esclareceu que a LCP não apoiou o governo Lula nas últimas eleições e é um movimento atacado justamente por denunciar e bater de frente com o governo Lula.
Madalena também denunciou que hoje um novo massacre que pode ser de grandes proporções ocorreu na área de Jacinópolis onde até oito sem-terra podem ter sido mortos pelos jagunços dos latifundiários.
A companheira respondeu às acusações de ligação com o tráfico, com o crime e com a guerrilha das Farc, esclarecendo que somente na região de Jacinópolis, principal complexo do acampamento do grupo, são mais de 5 mil famílias pobres. Esta também defendeu o programa da LCP, pela destruição do latifúndio e pela defesa de terra para quem nela trabalhe.
O companheiro do Partido da Causa Operária se apresentou aos ouvintes defendeu que os trabalhadores e os movimentos operário e camponês devem ter sua própria imprensa, contra a imprensa burguesa nas mãos dos latifundiários e que por trás de toda esta campanha está a preparação ideológica de um novo massacre de Corumbiara, como o realizado em 1995, que já vem sendo colocado em prática na última semana. Também citou que por trás de todos os interesses no massacre dos sem-terra estão interesses dos latifundiários, sendo o maior deles Ivo Cassol, governador do estado e também os interesses imperialistas na Amazônia, de uma área que é rica em cassiterita, diamentes e madeira.