Milhares de moradores de Tailândia — cerca de 260 km de Belém —
protagonizaram um grande levante contra uma megaoperação de várias
esferas do Estado na cidade em 19 de fevereiro.
Quando fiscais do Ibama, protegidos pela polícia começaram a fechar as
madeireiras da cidade, a população cercou os agente do Estado,
isolou-os de um lado do rio que corta a cidade e permaneceu do outro
lado dando combate aos policiais. A polícia atirou contra os
manifestantes, que revidaram com pedras e paus. O combate perdurou por
doze horas e a justa ira das massas não perdoou nem mesmo o Fórum da
cidade, que foi atacado.
Tailândia tem aproximadamente 60 mil habitantes e desde a sua fundação na década de 70 vive em função da extração de madeira da floresta amazônica, grande parte realizada ilegalmente. Estima-se que 70% da economia do município dependam dessa atividade, que emprega grande parte da população, seja na extração, beneficiamento em serrarias ou fornos de carvão que abastecem os produtores de ferro gusa no Pará e no Maranhão.
Durante anos as massas mais empobrecidas, principalmente camponeses pobres foram expulsos de seus lares e terras para as regiões mais inóspitas da Amazônia, desbravando terras para serem ocupadas pelo latifúndio logo em seguida. Hoje, populações como a de Tailândia se vêem encurraladas, obrigadas a efetuar trabalho em péssimas condições, muitas vezes em atividades ilegais.
Quando a população de Tailândia se viu na iminência do desemprego e também de novo deslocamento forçado, defendeu a única coisa que tinham, os empregos. Sim, porque acabar com o desmatamento da Amazônia para os gerentes semicoloniais significa fazer com que as populações que lá habitam morram de fome, enquanto os donos das grandes madeireiras, muitas transnacionais, já podem "alugar" um pedaço da floresta dentro da lei.