Esta semana é de comemoração para as 506 famílias do assentamento Zumbi dos Palmares, que completa 10 anos desde a ocupação em 12 de abril. A iniciativa representou um duro golpe no coronelismo que ainda resiste no município do Norte Fluminense e será comemorada com estudos e festa. Localizado em Campos dos Goytacazes, o latifúndio da antiga usina São João foi ocupado por 700 famílias e a resistência e luta dos trabalhadores rurais garantiu a desapropriação em 9 de outubro de 1997. A emissão de posse pelo Incra foi em 22 de dezembro do mesmo ano.
Nos 8.000 hectares onde só se plantava cana-de-açúcar, hoje há produção diversificada e saudável de frutas, legumes, ovos e hortaliças que gera renda para os assentados. Os produtos são comercializados semanalmente um uma feira de orgânicos, a única no país organizada pelos próprios beneficiários da Reforma Agrária. Os produtores, entretanto, continuam sofrendo com dificuldades de logística: por falta de compradores, 70 caminhões com 400 mil abacaxis se perderam na última safra.
Os cinco núcleos de assentamento contam com escolas do ensino fundamental e médio, horta comunitária e postos de saúde conquistados pelos próprios assentados. Mas o número de vagas não é suficiente e, nas escolas, o projeto pedagógico não é adaptado à realidade do campo. Dezenas de crianças ainda são obrigadas a estudar fora do assentamento. A péssima qualidade da água na região e a falta de saneamento básico são outros grandes problemas enfrentados pelos agricultores.
O local, que estava abandonado desde a década de 80 e foi uma das primeiras ocupações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado do Rio, foi batizado com o nome de Zumbi dos Palmares ainda durante a ocupação em homenagem à luta do quilombola e de todos os afro-descendentes que, há séculos, lutam para que sua dignidade seja respeitada.
As famílias organizaram os festejos do aniversário.
Amanhã (11/04), o Coletivo Por uma Educação Básica do Campo em Campos dos Goytacazes promove o primeiro Seminário de Educação do Campo, no auditório do Cefet Campos, que fica na rua Dr. Siqueira, 273, Parque Dom Bosco). O evento é organizado pela CPT, o MST e ainda o CESE, a UENF, o SEPE e o Comitê Popular de Erradicação do Trabalho Escravo.
Na quinta-feira (12/04), a CPT celebra o aniversário com uma caminhada e a cerimônia da Partilha, que vai relembrar, com assentados e assentadas, apoiadores voluntários e entidades, a história do assentamento. A atividade acontece no próprio assentamento. Os agricultores farão paradas em todos os núcleos e encerram a comemoração com bolo e música no núcleo V a partir das 14h.
Veja a programação:
8h Credenciamento
8h30 Mística (educandos/as da E. M. Carlos Chagas)
9h Abertura
9h15 Palestra: Por uma Educação Básica do Campo
10h30 Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do
campo. (Coletivo Nacional de Educação da Via Campesina)
11h30 Debate
12h Almoço
13h30 Painel: Experiências nas escolas do campo
14h30 Construindo o Projeto Político Pedagógico nas Escolas do Campo
16h30 Plenária
17h Encerramento
Leitura da CARTA: Educação do Campo(S) dos Goytacazes.
Para mais informações:
Inês, da CPT – 22 9816-4160
Carolina, do Comitê de Erradicação do Trabalho Escravo – 22 9925-0981
Tamara Menezes
Assessoria de Comunicação - MST
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Celular: 21 8721-5680
Tels: 21 2240-8496/ 2533-6556