Belém, 19/08/2013 – O líder quilombola Teodoro Lalor de Lima, conhecido como senhor Lalor, presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá, no município de Cachoeira do Arari, no Marajó, foi morto esta manhã em Belém, quando desembarcava para uma reunião na capital paraense de organizações quilombolas do Pará. Ainda não há informações sobre a forma que foi assassinado. O corpo foi liberado pelo Instituto Médico Legal, para ser enterrado no Marajó.
No último dia 13 de agosto, durante audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF-PA) e Ministério Público do Estado, em Cachoeira do Arari, Teodoro Lima havia denunciado a perseguição de fazendeiros da região à comunidade quilombola e afirmou que ficou preso por dois meses sem acusação formal, a mando de fazendeiros que se sentem prejudicados pela demarcação das terras quilombolas. O líder quilombola declarou ainda que crianças da comunidade estavam sendo presas por colher açaí em áreas quilombolas. Ele questionou também os prejuízos sofridos pelas famílias quilombolas devido à expansão do plantio de arroz na região.
Nesta audiência o INCRA entregou à Comunidade de Gurupá o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), passo fundamental para o reconhecimento do Território Quilombola. No Marajó, há mais de 40 comunidades, 17 das quais em Salvaterra e esta de Gurupá, em Cachoeira do Arari, e somente 2 tem o RTID. O fato é que as comunidades de Salvaterra e Cachoeira do Arari se sentem ameaçadas pela expansão das monoculturas do arroz e a expansão do agronegócio.
Vila de Gurupá, no município de Cachoeira do Arari, no Marajó. Foto de Tarso Sarraf/ http://dariopedrosa.com/
Representantes do Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó (Codetem), da Diocese de Ponta de Pedras, da Igreja Católica, e do Instituto Peabiru visitaram o quilombo no último dia 14 de agosto para saber a situação em que vivem os mais de 700 moradores. A comunidade está alarmada e pede ajuda do Ministério Público para que os direitos da população não sejam cerceados e que haja proteção das pessoas que fazem denúncias de discriminação e opressão.
Esse crime preocupa não somente a comunidade de Gurupá, mas todos os que lutam em prol dos mais desfavorecidos e oprimidos, e ofende profundamente os sentimentos de humanidade dos marajoaras e dos paraenses. Sentimo-nos solidários com todos os quilombolas e, especialmente, com os familiares de Teodoro.
CODETEM (Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó)
Diocese de Ponta de Pedras
Instituto Peabiru