Indícios de Palmeiras foram encontrados após um quilômetro de sedimentos na Antártida. Foto: Lentes do Mundo
Se o sertão já foi o mar, o gelo também já poderia ter sido floresta, certo? De acordo com um grupo de pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, a resposta é sim.
O estudo, publicado na revista Nature, revelou indícios da presença de palmeiras no território da atual Antártida, há 53 milhões de anos, durante a era geológica do Eoceno. As pistas vieram à tona após perfurações na camada de gelo antártico, que revelaram o pólen de palmeiras e outras árvores de climas tropicais e até seco, como os baobás.
Nessa era geológica, o planeta estaria vivenciado uma espécie de efeito estufa, semelhante ao que vivemos agora. Os cientistas acreditam que, durante o Eoceno, o clima do continente era similar ao da região Sul do Brasil, com temperaturas entre 10ºC, no inverno, e até 25ºC, no verão.
Futuro
A descoberta pode evidenciar o caminho que a Terra está seguindo, segundo os pesquisadores. “Cada vez mais estamos usando este procedimento ‘de volta para o futuro’, no qual observamos períodos geológicos do passado que podem ser similares ao caminho que estamos propensos a seguir dentro de dez, vinte ou cem anos”, afirmou o coautor do estudo, James Bendle, em entrevista à BBC .
Com temperaturas globais chegando a 5ºC a mais, em média, dos que as atuais, o clima da época possuía menos contraste entre os polos e o Equador. Perfurações recentes do Ártico revelaram que o polo teria tido um clima subtropical. No entanto, a Antártida apresenta um desafio maior, visto que a glaciação ocorrida há 34 milhões de anos varreu boa parte do sedimento que poderia nos fornecer pistas sobre o clima do passado.
* Publicado originalmente no site EcoD.