Para Wendell Estol, diretor-geral do Instituto Sea Shepherd no Brasil, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) foi um fracasso no que se refere à discussão sobre os oceanos. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (9) durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).
A posição de Estol ecoa parte das críticas dos movimentos ambientalistas, que defendiam medidas efetivas em relação aos oceanos. Ao protestar contra o adiamento de várias decisões sobre o tema para 2015, o ativista disse que “hoje os oceanos são controlados por diversas máfias”.
Como exemplo desse problema, Estol citou as restrições legais às atividades do presidente da Sea Shepherd, Paul Watson, que chegou a ser preso neste ano. Segundo Estol, as restrições seriam uma forma de limitar as ações de Watson, conhecido pela militância contra a caça às baleias.
Watson foi afastado da liderança do Greenpeace na década de 1970. Para a ONG, a atuação do ativista não estaria de acordo com seu compromisso de não-violência.
Falta de metas
Ao fazer uma avaliação geral da Rio+20, o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) disse que o documento final do evento “é como uma declaração de princípios, pois não possui metas nem compromissos”.
– Não posso dizer que me frustrei com isso, porque já não esperava muita coisa – declarou Sarney Filho, acrescentando que, quanto aos oceanos, “não houve avanço nenhum com a Rio+20”.
Por outro lado, o deputado, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, argumentou que a Rio+20 revelou um lado “não-oficial” com os eventos paralelos à conferência. Para ele, essas atividades, que envolveram de indígenas a empresários, “demonstram que a luta pela sustentabilidade não é dos governos, mas da sociedade civil”.
Uma visão mais positiva do evento “oficial” foi apresentada por Yana Sobral, assessora extraordinária do Ministério do Meio Ambiente para a Rio+20. Ela listou diversas decisões adotadas durante a conferência, como a de criar um “fórum de alto nível sobre desenvolvimento sustentável”. Yana explicou que todos os órgãos da ONU – seja na área social, ambiental ou econômica – terão de se submeter às diretrizes a serem fixadas por esse fórum, o que seria algo inédito.
Crueldade contra tubarões
Ainda durante a audiência, o diretor do Instituto Sea Shepherd protestou contra o finning – prática em que se cortam as barbatanas do tubarão para vendê-las como iguarias. O animal é jogado de volta ao mar e acaba morrendo. Wendell Estol afirmou que essa prática, proibida inclusive no Brasil, “faz parte de uma máfia comandada a partir de Taiwan”.
A audiência da CDH nesta segunda-feira foi conduzida pelo presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS).
* Publicado originamente na Agência Senado e retirado do site EcoAgência.
(EcoAgência)