O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Nassir Abdulaziz Al Nasser, expressou pleno apoio à chamada Iniciativa de Compensação de Emissões de Carbono (Ceoi). O objetivo: reduzir a pegada de carbono causada pelo pessoal da ONU que viaja ao Brasil para a Rio+20. Pegada de carbono é o nome dado ao total de gases-estufa produzidos por atividades humanas, e tradicionalmente é expressa em sua equivalência em toneladas de dióxido de carbono. A Ceoi, criada pela Unidade Especial para a Cooperação Sul-Sul e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), tem o objetivo de conseguir uma participação “climaticamente neutra” da ONU na Rio+20. “Espero um grande êxito para esta iniciativa”, afirmou Nasser.
A Ceoi também recebeu a benção do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e de seu secretário-geral adjunto, chefe do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais e secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang. Ambos se unirão a Nasser no lançamento oficial da iniciativa no dia 21, em paralelo às reuniões no Rio de Janeiro. A Unidade Especial tem o mandato de facilitar a iniciativa, construindo associações e apoiando seu Sistema Mundial de Intercâmbio de Ativos e Tecnologia Sul-Sul (SS-GATE) para compensar as 3.600 toneladas de emissões de CO2 de sua participação na Rio+20.
Segundo a Unidade Especial, o SS-GATE compensará as liberações de gases mediante Certificados de Emissões Reduzidas (CERs), contemplados em projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), com prioridade em iniciativas para os 48 países menos adiantados (PMA). O MDL permite projetos de redução de emissões em nações do Sul em desenvolvimento para obter CERs, cada um equivalente a uma tonelada de CO2. Os CERs podem ser comercializados, vendidos e usados por países do Norte para cumprirem suas metas no Protocolo de Kyoto, instrumento internacional contra a mudança climática.
A Unidade Especial ressalta que, com mais de 3.600 projetos registrados em 72 países em desenvolvimento, o MDL demonstrou ser um efetivo mecanismo para financiar projetos de redução de emissões e assim contribuir para o desenvolvimento sustentável. Até agora, cerca de 1.270 projetos em 45 países emitiram mais de 780 milhões de CERs. A Unidade Especial também afirma que o SS-GATE compensou mais de 3.500 toneladas de CO2 em duas importantes atividades da ONU: o pavilhão do fórum mundial na Exposição Mundial de Xangai de 2010 e a 17ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC), em Durban, na África do Sul. Os principais sócios da Unidade Especial são o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, a CMNUCC e o Grupo de Energia e Meio Ambiente do Pnud e seu Escritório de Políticas de Desenvolvimento.
Em um informe divulgado em abril, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que mais de 50% das emissões do fórum mundial são gerados por viagens aéreas (4,2 toneladas por pessoa). Em seu terceiro informe anual, intitulado Para a neutralidade climática da ONU, a agência detalha uma ampla gama de ações tomadas por todo o sistema das Nações Unidas para melhorar a eficiência de recursos e reduzir as emissões.
Algumas destas ações são “promover as viagens de trem em lugar das aéreas, fornecer bicicleta ao pessoal, instalar sistemas de iluminação eficientes nos escritórios da ONU e realizar conferências por meio da internet em lugar de viajar para participar das reuniões”. Segundo o informe, as emissões totais da ONU em 2010 foram equivalentes a 1,8 milhão de toneladas de CO2. “É a mesma quantia de carbono sequestrada por ano por 383.795 acres (1,5 quilômetro quadrado) de florestas de pinheiro ou abeto, uma área do tamanho das Ilhas Feroe”, acrescenta o documento.
No prefácio do informe, Ban Ki-moon excreve: “O sistema das Nações Unidas esta fortemente comprometido em dar o exemplo e assegurar que nossas operações sejam continuamente supervisionadas e melhoradas. Na Rio+20 também procuraremos gerar ideias que deem novas forças aos esforços de sustentabilidade em todo o mundo”. Envolverde/IPS
(IPS)