Nas cidades onde a obra passou, como Petrolândia, ficou o desemprego, além de uma renca enorme de problemas, como famílias desmanteladas e a entrada do crack em pleno sertão pernambucano.
O ministro da Integração, Fernando Coelho, já disse que o custo da obra passou de cinco para sete bilhões. Ainda mais, afirmou que o eixo leste só estará pronto ao final de 2012 e o eixo norte ao final de 2013.
A comunidade de Serra Negra trancou as porteiras para a empresa, porque o governo –ou saibamos lá quem– se recusa em refazer um posto de saúde que atende 2500 famílias e mais três casas que serão destruídas pelo canal do eixo leste. A oferta em dinheiro foi de quinze mil reais para o posto e mais três mil reais para cada casa. Oras, um obra orçada em sete bilhões não tem dinheiro para refazer um posto de saúde que atende cerca de 7500 pessoas.
Pior é a situação de moradores da comunidade de Roça Velha, perto de Petrolândia. A indenização para uma velha senhora que teve seu quintal eliminado pelo canal foi de 163,00 reais. Não se espantem, não há erro, é isso mesmo.
Será que essa obra chega ao fim, ou, como já profetizara Frei Luís, já cumpriu seu papel eleitoral?
O que uma tenente do exército disse ao agente da CPT da região é emblemático: "vamos botar as bombas na tomada de água e jogar para a barragem de Areias –fica a quatro km da tomada de água-. Vamos testar se a obra funciona”.
E se não funcionar? E o que acontecerá com essas bombas, com o resto já feito, se o prazo dado agora é de no mínimo mais dois anos? Vão também esturricar ao sol? Lembram-se que Lula iria inaugurar o eixo leste, pondo água na Paraíba?
Vale relembrar o falecido ACM. Raposa em obras públicas, uma vez disse: "uma obra como essa vai terminar em 15 ou 20 bilhões”.
Se terminar. Terminando, se funcionar.
*Roberto Malvezzi (Gogó) é Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra.
(Envolverde/Adital)