O reservatório da Cataguases tem um histórico de problemas ambientais. O primeiro grande vazamento de produtos químicos foi em 2003, provocou um dos maiores acidentes ecológicos do país, atingindo oito municípios do Norte-Noroeste Fluminense. Houve novo rompimento da barragem em 2007, com despejo de lama misturada com dejetos químicos do reservatório.
- Descobrimos que a ANA deu a outorga para o despejo em pequenas quantidades, cem metros cúbicos por hora, no Rio Pomba. Entramos em contato com a agência, que mandou reduzir o fluxo para 30 metros cúbicos por hora. Estevemos em Minas e encontramos vazões direto da barragem, além do tubo com a emissão controlada. O despejo é muito maior do que o outorgado - afirmou Firmino.
O presidente da Cedae, Wagner Victer, disse ter sido necessário diminuir a captação de água em diversos pontos por conta do aumento da turbidez. Ele reclama, ainda, da falta de aviso de que haveria o despejo de poluentes no rio.
- O lançamento tem que ser coordenado com o órgão ambiental do estado e com a companhia de água. Isso afeta a região Norte e Noroeste do estado, mas não causará prejuízo à distribuição de água. Tivemos que atuar não em função de um planejamento, mas reagir a uma situação inesperada. É um absurdo. Estamos contabilizando gastos e perdas - disse Victer.
A proposta de Minas é purgar a barragem de Cataguases numa vazão pequena até esvaziar o reservatório. Os rompimentos e transbordamentos, sobretudo com as chuvas de verão, são grandes problemas ambientais. Há pelo menos um ano a proposta está sendo discutida com o Inea e a ANA. Há estudos considerados sérios pelo Inea mostrando que a diluição de pequenas quantidades de contaminantes seria viável.
- Pior é ficar com a bomba-relógio, uma vez que tratar todos os contaminantes contidos na barragem tem um custo muito alto, é inviável. É um tratamento químico complexo, não resolve o grande passivo ambiental. Discutimos muito essa proposta da diluição, exigimos um monitoramento pesado e a diluição ínfima, porque quem vai sofrer é o estado do Rio de Janeiro - explica Firmino.
O presidente do Inea não se diz contrário à diluição dos contaminantes em pequenas quantidades. Ele alega que o pedido da suspensão dos lançamentos é uma precaução técnica em função do aumento da turbidez na captação de água da Cedae:
- Se voltar a fazer a diluição, tem que ser com parâmetros. O despejo acima do outorgado está errado de cara.
O GLOBO não conseguiu localizar representantes da ANA e do Igam.