Empresas não recuam mesmo com crise econômica

Cada vez mais empresas estão buscando oportunidades comerciais relacionadas ao carbono e relatando suas ações através do Carbon Disclosure Project (CDP), que abrange mais de 500 investidores com US$ 64 trilhões em ativos.

Em seu décimo relatório, o CDP questionou mais de 4,7 mil das maiores empresas mundiais, incluindo as 500 maiores companhias públicas parte do FTSE Global Equity Index Series (Global 500), buscando informações sobre as ações efetivas em direção a uma economia de baixo carbono, muito além da simples divulgação de seus números.

As maiores empresas do mundo demonstraram que as mudanças climáticas continuam na agenda corporativa, exigindo atenção e alocação de recursos adequados mesmo antes de qualquer exigência legal e em meio a crise econômica, demonstrou o CDP 2010.

Este ano a taxa de resposta das empresas do Global 500 continuou alta, em 82% (410 empresas), o que segundo o relatório, escrito pela consultoria PricewaterhouseCoopers, é impressionante dada a crise econômica e o clima de incertezas políticas.

As respostas indicam que houve uma mudança da ênfase em uma abordagem dominada pelo risco para outra que abrange oportunidades, sendo que nove em cada dez empresas identificam "oportunidades significativas" resultantes das mudanças climáticas, como novos produtos "verdes" e resiliência climática.

As estratégias empresariais de 48% dos questionados já incluem a questão das mudanças climáticas e o gerenciamento do carbono, sendo que 85% disse ter o assunto sob responsabilidade da diretoria ou outro nível executivo. Para este último critério, 68% das empresas brasileiras questionadas responderam positivamente.

Dada a ausência de garantias regulatórias resultante do Acordo de Copenhague, um número significativos, 56% das empresas, demonstrou claramente se engajar no incentivo dos legisladores para implementar ou fortalecer diretrizes que levem a mitigação ou adaptação às mudanças do clima. Entre as brasileiras este número foi de 66%.

“Impulsionados pelas oportunidades de redução de custos energéticos, garantia da oferta de energia, proteção dos negócios em relação aos riscos das mudanças climáticas e da reputação prejudicada, geração de renda e continuidade competitiva, o gerenciamento do carbono continua a subir como uma prioridade estratégica para muitas empresas”, explicou o CEO do CDP Paul Dickinson.

O CDP lançou este ano o Carbon Performance Leadership Index (CPLI), uma nova classificação de desempenho que identifica as empresas líderes no gerenciamento dos riscos e exposição ao carbono, entre elas está a Siemens, no topo, seguida do Deutsche Post, BASF, Bayer, Samsung entre outras. Estas companhias apresentaram compromissos estratégicos, governança, comunicação com os stakehoders e acima de tudo, redução de emissões, de acordo com o CDP.

Além disso, dois índices baseados nas informações do CDP foram lançados, o FTSE CDP Carbon Strategy Index series e o Markit Carbon Disclosure Leadership Index.

A qualidade das informações relatadas pelas empresas também mostrou uma melhora significativa. A nota média do Carbon Disclosure Leadership Index (CDLI) aumentou de 84 em 2009 para 91 em 2010. Como esperado, a maioria dos líderes em desempenho também está à frente do CDLI.

Dentre as companhias que não responderam o questionário estão principalmente as chinesas (8 das 12), hong kong (12 das 16), mexicanas (3 de 4), polonesas (3 de 3), russas (8 de 10) e singapurenses (4 de 5). Alguns exemplos são o Banco da China, Amazon.com, Sberbank, Alcon e Visa.

Brasil


A Vale foi a única empresa brasileira listada entre as cinco pertencentes aos países que não têm metas sob o Protocolo de Quioto com melhor nota, as outras foram a Samsung e a Posco da Coréia do Sul e Anglo Platinum e Sasol da África do Sul.

O país registrou um nível razoável de retorno ao CDP, sendo que 72% das oitenta empresas questionadas responderam à pesquisa. Em se tratando de redução das emissões, apenas 23% têm metas e 57% diz estar agindo para reduzi-las.

Quanto ao quadro regulatório, 61% das empresas brasileiras enxerga riscos e 78% oportunidades. Apenas 28% dos respondentes verifica independentemente alguma parte das informações referentes às emissões do Escopo 1 e Escopo 2. Os escopos são termos utilizados sob o GHG Protocol para categorizar emissões diretas e indiretas de gases do efeito estufa.

(Envolverde/CarbonoBrasil)

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