O finlandês Jan Heino, diretor do Departamento
Florestal da FAO, disse à IPS que “a mensagem principal deste congresso é que
não poderemos resolver o grande problema da mudança climática sem ajuda das
florestas”. A mudança climática “já chegou” a muitas florestas, disse, por sua
vez, Avrim Lazar, diretor da Associação de Produtos Florestais do Canadá. Nesse
país, o escaravelho do pinheiro de montanha (Dendroctonus ponderosae), uma praga
que só se combate com o frio intenso do inverno, provocou graves perdas nos
últimos anos que deixaram sem emprego cerca de 25 mil famílias, afirmou. Além
das pestes em razão do aumento da temperatura, as florestas também são afetadas
pelas secas que facilitam incêndios cada vez mais freqüentes.
A FAO
afirma que a cada ano são desmatados 13 milhões de hectares de florestas no
mundo, atividade que contribui com mais de 17% das emissões de gases causadores
do efeito estufa, que aquecem a atmosfera. “Necessitamos um manejo sustentável
das florestas como um contexto para resolver a mitigação e adaptação à mudança
climática”, insistiu Heino, quando faltam menos de dois meses para a 15ª
Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, que acontecerá em dezembro na cidade de Copenhague.
No
contexto do congresso, um Fórum de Florestas e Mudança Climática produziu um
documento com recomendações para a conferência na capital da Dinamarca. Este foi
o único assunto que exigiu um documento exclusivo. O restante das conclusões do
congresso consta de outro documento apresentado sexta-feira com recomendações
gerais para o setor. “Atualmente, as pressões mais graves sobre as florestas são
exercidas desde fora do setor florestal, por exemplo, pelas mudanças no clima
mundial, as condições econômicas e de população”, afirma esta declaração final.
“Estas mudanças estão criando repercussões em todos os setores, que afetam tanto
as florestas quanto o crescimento demográfico e a migração rural para as cidades
ou os efeitos da mudança climática sobre a agricultura”,
acrescenta.
Entre as recomendações, exorta-se comunidade internacional
proteger a biodiversidade de florestas, selvas e povos que as habitam. Também se
considerou necessário incorporar o conhecimento das comunidades locais, defender
a perspectiva ampla das florestas como provedores de múltiplos serviços
ambientais e destacar a necessidade “urgente” de desenvolver incentivos
financeiros para que as populações locais adotem um manejo sustentável destes
ecossistemas.
Os organizadores do congresso destacaram o papel das
plantações florestais como contribuição à mitigação da mudança climática e à
preservação da biodiversidade das florestas nativas, sempre que desenvolvidas em
“um contexto de sustentabilidade”. Organizações não-governamentais rejeitam
tratar a questão das florestas nativas junto com as monoculturas, por
considerarem que estas alteram a biodiversidade e degradam o solo. Porém,
delegados da FAO, técnicos e empresas insistiram que estas plantações, que
representam 7% das existências de árvores no planeta, podem contribuir, com os
devidos controles, para preservar florestas nativas que do contrário seriam
cortadas para obter-se madeira, pasta de celulose ou biocombustíveis.
A
reunião foi organizada pela Argentina com patrocínio da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que programa este encontro a
cada seis anos. O próximo poderá acontecer na Índia ou na África do Sul, em
2015. o governo e o setor privado argentinos comemoraram que no contexto do
Congressos também houve pela primeira vez uma rodada de negócios, que contou com
a participação de mais de 200 empresários que expressaram sua vontade de
investir no setor florestal em cerca de US$ 36 milhões.
IPS/Envolverde
(Envolverde/IPS)