Projeto que avalia a exposição ambiental e ocupacional ao asbesto (amianto), solicitado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, está sendo realizado com a participação de especialistas de seis universidades públicas brasileiras.
O coordenador principal é o médico Mario Terra Filho, professor associado do Departamento de Cardio-Pneumologia do Instituto do Coração e da USP. O coordenador executivo é o médico Ericson Bagatin, professor Doutor da área de Saúde do Trabalhador da Unicamp.
I - Avaliação ambiental
Relevância
A pesquisa tem caráter inédito no Brasil, pois não existem estudos que avaliam se morar debaixo de telhas de amianto sem forro, por longo tempo, pode trazer malefícios à saúde. A análise de fibras no ar respirado dentro das casas, comparado com a análise fora das casas, dará a dimensão deste risco.
Objetivos
Os objetivos deste estudo são avaliar a concentração de fibras de amianto, tanto no interior como no exterior de moradias cobertas com telhas de cimento-amianto e sem forro, construídas há mais de 15 anos; e eventuais efeitos na saúde decorrentes dessa situação.
Esta avaliação está sendo feita em cinco capitais: São Paulo, Goiânia, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, sendo realizadas também 6.000 entrevistas entre os moradores dessas comunidades e selecionados por volta de 500 indivíduos para realização de exames médicos.
II - Avaliação ocupacional
Uma segunda etapa do estudo tem por objetivo fazer uma reavaliação (seguimento) dos trabalhadores e ex-trabalhadores da mineração de amianto examinados entre 1997 e 2000 no Projeto Asbesto Mineração, realizado pela Unicamp.
A relevância do estudo consiste em avaliar se aumentou ou não a ocorrência de alterações pulmonares relacionadas ao amianto, aproximadamente 10 anos após a primeira avaliação.
Resultados preliminares do estudo
A fase de coleta dos exames da parte ambiental do estudo já foi terminada; agora estão sendo efetuadas as análises das contagens de fibras no ar coletado. Até o início de 2010 serão apresentados os resultados .
A avaliação ocupacional está ainda em andamento, com previsão de encerramento da coleta de dados em dezembro de 2009. A análise preliminar dos resultados também deve ser apresentada no inicio de 2010.
Financiamento do estudo
O estudo teve apoio do Comitê Gestor do Fundo Setorial Mineral (CT-Mineral), do Ministério da Ciência e Tecnologia, que financia o mesmo através do Fundo Setorial Mineral, com exigência de contra partida de recursos financeiros do segmento do amianto, no caso o Instituto Brasileiro do Crisotila – IBC, e da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás.
Os pesquisadores e as atividades na área de Medicina Ocupacional
Entre os vários pesquisadores envolvidos, os médicos Ericson Bagatin, da Unicamp; Luiz Eduardo Nery, da Unifesp; e Mario Terra Filho, da USP, participam ativamente de várias etapas do projeto, desde a elaboração metodológica até a interpretação dos resultados.
Eles têm se dedicado, nos últimos 20 anos, nas suas Universidades e nas Sociedades Médicas, à pesquisa e ao ensino na área de Medicina Respiratória Ocupacional.
O grupo participa também de atividades privadas nesta área, fazendo avaliação diagnóstica e caracterizando o grau de comprometimento funcional respiratório de trabalhadores ligados a exposição a poeiras (por exemplo sílica, amianto) ou outros agentes (gases ou fumos).
Pela credibilidade e experiência adquirida e por solicitação em assembléia dos trabalhadores e ex-trabalhadores do amianto, há mais de 10 anos os três especialistas participam de junta médica para dar diagnóstico de compatibilidade de doenças relacionadas ao asbesto. Essas atividades têm o apoio da Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto (CNTA), organização que representa por volta de 170 mil pessoas envolvidas neste segmento.