A natureza está em minhas ações como o alimento está para o meu corpo. Cuidar bem de nosso corpo trás reflexos positivos a todo o ambiente a nossa volta, transformando positivamente toda a “nossa natureza”. Somos o que consumimos em todos os sentidos, especialmente quando se trata do meio ambiente que queremos construir para o nosso futuro.
Nos últimos anos, décadas, séculos, especialmente a partir da revolução industrial, o planeta vem sofrendo transformações drásticas ocasionadas pelas atividades humanas, ações estas que têm provocado alterações incalculáveis ao ecossistema. Desastres de toda a natureza, onde necessariamente o são por afetar diretamente os seres humanos. Por esta razão são assim classificados, pois nada mais são do que atividades naturais do planeta, este que pulsa intensamente vida por todos os lados. Estas calamidades ocorrem pelo fato de o homem não respeitar os limites da natureza, tomando posse de todos os seus espaços e transformando de acordo com suas necessidades, fragilisando-a quando a parte frágil de tudo são os menos favorecidos. Menos favorecidos devido a este sistema selvagem de apropriação do capital por poucos em detrimento da maioria.
O consumo de ordem da natureza humana tem sido deste modo a mola propulsora para todas as mazelas observadas em todos os cantos do globo terrestre, deixando um rastro de destruição com cheiro ocre de morte para todos os lados. Rever estes modos não necessariamente salvará as futuras gerações, mas será um primeiro passo a ser dado neste pequeno, porém impactante, passo da humanidade sobre a existência de nosso planeta terra. Haja vista que nossa “casa” aqui está a bilhões de anos, enquanto que nós cá estamos a alguns mil anos. Muito pouco perto da magnitude existencial deste planeta, que sobreviveu a muitas extinções e com certeza resistirá a mais algumas. E o que é mais preocupante é que todos sabemos, vemos e sentimos o que está por acontecer, porém, nenhuma atitude real por parte de nenhuma instância é efetivada. Fala-se muito e age-se pouco!
Entenda que não sou pregador de que precisamos voltar a idade da pedra para restabelecer certo equilíbrio, não sou contra o progresso. Mas é preciso urgentemente rever nossos valores existenciais, procurando resgatar o que ainda temos de humano em nós. Tais como respeito, educação, afeto, amizade, sentimentos estes que nos torna a espécie dominante no planeta e que está sendo dominada pelo individualismo, egoísmo, dinheiro. E ai entra a questão, corremos por todos os lados desenfreadamente acumulando mais e mais. É preciso ter o carro do ano, o celular do momento, a roupa de marca. Não medindo conseqüências para tais aquisições. No final de tudo, a crise ambiental se transforma em econômica, os governos financiam a ganância especulativa dos bancos e a grande maioria fica na miséria. De quem é a culpa? Raciocine: os empréstimos feito aos bancos e empresas já ultrapassam a cifra dos trilhões, enquanto que no planeta não passamos de 7 bilhões de pessoas. Dividindo esta quantia pelo total da população mundial não haveria miséria. Em contrapartida, não teríamos também um planeta que nos sustentasse. Todos somos culpados!
É preciso rever nosso modo de vida. Se consumíssemos somente o necessário a nossa subsistência, natural e sustentável, seria possível ainda haver certo equilíbrio. E nossas pegadas poderiam ser seguidas indefinidamente pelas novas gerações. Passo a passo rumo a um futuro menos incerto.
A “natureza” de nossas atitudes será determinante para o futuro de nossos filhos, tornando o meu ambiente seu e o seu inteiro em mim, gerando menos exclusão, poluição e lixo e mais educação, saúde e cultura, deixando nossa casa em paz para seus futuros inquilinos, cheia de vida. Respeite a vida, começando pela sua, cuidando do seu corpo sobre o corpo da terra. Pois se nessa vida temos o que viver, precisamos viver o que queremos ser: ar, água, terra e fogo... Todos somos um!
*Silvio Ricardo Carvalho
Geógrafo e educador ambiental
“Água é vida, adote uma nascente e conserve a sua!”