As fotos mostram o que vem acontecendo com remanescentes de Mata Atlântica em Nova Lima. Tivemos informações de que o desmate tem licença do órgão ambiental do Estado, o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Apesar disso, o impacto visual assusta quem está acostumado a ver a mata de pé. As fotos foram tiradas no dia 01 de abril (e não são de mentira) no Bairro Jardins de Petrópolis, loteamento criado na década de 70 e que não possui o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, exigido por lei hoje em dia.
Ver árvores de vários portes cortadas e transformadas em feixes de lenha é desolador. O loteamento possui 843 lotes com áreas mínimas de 5.000 m². O desmate (desde que com licença ambiental) é permitido em 40% da área, o que consideramos uma taxa elevada para o bioma Mata Atlântica, o mais ameaçado do planeta. Se esse tipo de desmate for feito em todos os terrenos, será que sobrará área para a fauna e a flora sobreviverem, essa última formada por ipês, jatobás, jacarandás, jequitibás, perobas, dentre várias outras espécies? Um policial ambiental nos informou uma vez que ele já encontrou na região uma peroba rosa, espécie rara de árvore. A fauna também é riquíssima, com presença até mesmo das onças jaguatirica e suçuarana, além de dezenas de outras espécies de mamíferos, anfíbios e répteis e aves.
Outra questão se refere à distribuição das áreas verdes públicas de preservação ambiental pelos 633 hectares do loteamento. Só para se ter uma idéia, 117.000 m² (16%), dos 740.000 existentes, foram registrados em “faixas de servidão da CEMIG” (onde as torres de transmissão de energia passam pelo loteamento), o que é um absurdo e uma grande perda ambiental, porque são áreas que poderiam estar protegendo nascentes e matas de outros locais que hoje são lotes particulares. Outras áreas públicas, que possuem nascentes e mata nativa, e que garantiriam um mínimo de preservação, estão invadidas por proprietários de chácaras. Quando o invasor é “amigo” e “sócio”, “acordos” são feitos para que eles saiam impunes e sem ter que compensarem os prejuízos causados ao patrimônio público e ambiental.
Há tempos lutamos para que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) / licenciamento corretivo seja feito para todo o loteamento. Ele disciplinaria as atividades impactantes no meio natural e corrigiria o que estiver em desacordo com a legislação ambiental. Ele é um instrumento garantido por lei e que pode garantir a preservação e salvar esse patrimônio pertencente aos nova-limenses. Mas os proprietários de chácaras, a maioria de classe média e alta de BH (há propriedade no bairro avaliada em R$ 2 milhões) que usufruem da região nos finais de semana, não querem, pois acham que o EIA “inviabilizaria” o Jardins de Petrópolis, ou seja, atrapalharia e talvez não permitira algumas de suas obras e construções em determinadas áreas.
Vimos fazer um apelo aos órgãos de imprensa e também às entidades de classe, sindicatos e à população de Nova Lima, para que seja feita uma campanha, uma mobilização em prol do licenciamento corretivo e para a redução da taxa de desmatamento na região do Jardins de Petrópolis. O patrimônio natural de Nova Lima merece respeito e a Mãe natureza agradecerá.
Luís Eduardo Lemos, cidadão, representante do Movimento para preservação do patrimônio público e ambiental da região do Jardins de Petrópolis - PreserveJP - www.preservejp.blogspot.com