Um grupo internacional de cientistas conseguiu determinar a estrutura de moléculas de clorofila em bactérias verdes responsáveis pela transformação de energia solar em energia química por meio da fotossíntese.
Clorofila é a designação de
pigmentos presentes nos cloroplastos que absorvem luz nos comprimentos de onda
entre o azul e o amarelo e refletem diferentes tonalidades de verde, dando às
plantas sua cor característica.
O objetivo da pesquisa é o
desenvolvimento futuro de sistemas de fotossíntese artificial, que possam
converter energia solar em elétrica. O estudo será publicado esta semana no site
e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of
Sciences.
“Observamos que a orientação das moléculas de clorofila torna
as bactérias verdes extremamente eficientes na absorção da luz”, disse Donald
Bryant, professor de biotecnologia da Universidade Penn State, um dos autores da
pesquisa.
Bactérias verdes compõem um grupo de organismos que geralmente
vive em ambientes com pouquíssima luz, como em formações existentes em
profundidades de cerca de 100 metros no mar Negro. Essas bactérias contêm
estruturas chamadas de clorossomos, com cerca de 250 mil clorofilas.
“A
capacidade de capturar energia luminosa e rapidamente entregá-la onde é
necessário é essencial para as bactérias verdes, algumas das quais costumam ver
apenas alguns fótons de luz por clorofila por dia”, explicou Bryant.
O
processo também deve ser muito rápido, uma vez que os organismos têm apenas
alguns nanossegundos para levar a energia até algum local em que ela seja útil,
antes de ser desperdiçada.
O grupo usou uma combinação de técnicas para
estudar os clorossomos. Métodos genéticos foram empregados para criar uma
bactéria geneticamente modificada com uma estrutura interna mais regular.
Microscopia crioeletrônica e espectroscopia de ressonância magnética nuclear
ajudaram a mapear as moléculas de clorofila e a compreender a estrutura dos
clorossomos.
As imagens obtidas revelaram que as moléculas têm a forma de
nanotubos de carbono. “Elas se parecem com bonecas russas, com um tubo
concêntrico contido dentro de outro. Os clorossomos da bactéria mutante contêm
apenas um conjunto de tubos, enquanto que as estruturas das bactérias normais
contêm muitos tubos, cada um organizado em um padrão único”, disse
Bryant.
Os cientistas também verificaram que as moléculas de clorofila
são arranjadas em espirais. “A orientação das moléculas é extremamente
importante para o processo energético”, apontou.
De acordo com o
pesquisador, as interações que promovem a organização das clorofilas em
clorossomos são relativamente simples, o que as tornam bons modelos para
sistemas artificiais.
“Não conseguimos compreender completamente as
regras do processo, mas pelo menos sabemos agora como são essas estruturas e
como elas estão relacionadas ao processo biológico como um todo, o que configura
um importante avanço”, afirmou Bryant.
O artigo Alternating syn-anti
bacteriochlorophylls form concentric helical nanotubes in chlorosomes, de Donald
Bryant e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org.
(Envolverde/Agência Fapesp)