Fidel Castro, comunismo, charutos e salsa são as imagens que normalmente vêm a cabeça quando se ouve falar em Cuba. Porém o sol forte que dá o tom a paisagem deste país caribenho é que finalmente irá ganhar a devida atenção como fonte de energia elétrica.
O governo cubano pretende garantir 100% de eletrificação do país nos próximos dez anos usando painéis fotovoltaicos, o que levará luz para comunidades rurais que vivem afastadas em regiões montanhosas. Cerca de 100 mil casas que abrigam 700 mil camponeses receberão um kit de energia solar que inclui painel fotovoltaico com fornecimento de energia para cinco ponto de luz, uma televisão e um rádio.
Cuba recebe 5,5 quilowatts
hora (kwh) por metro quadrado diários de radiação solar, energia que chega ao
país de forma igualitária por todo o território e todos os dias. “Em Cuba temos
verão o ano todo e recebemos o equivalente a meio litro de combustível por cada
metro quadrado do nosso território”, compara o pesquisador Ruben Ramos, do
Centro de Investigación em Energia Solar de Cuba.
Para se ter uma idéia
de como a taxa é elevada, no Brasil, país já considerado com grande potencial
para a exploração desta fonte, a incidência de energia solar varia de 3,77 a
5,11 kwh por metro quadrado por dia, de acordo com dados do Atlas Fotovoltaico
do Brasil.
“O governo se deu conta da importância das fontes renováveis
por causa de todos os problemas que conhecemos de contaminação, esgotamento do
petróleo e a situação que o mundo irá enfrentar nos próximos anos. Para fazer
isso, estão sendo traçadas estratégias para que o país se prepare e garanta a
sustentabilidade energética nacional”, explica Ramos.
O programa está em
andamento a três anos, porém há cerca de 22 anos o governo cubano já trabalhava
com um programa pioneiro em eletrificação rural a partir de energia solar. “Era
um trabalho não tão concentrado e sem a difusão deste realizado agora”, comenta
Ramos.
Segundo o pesquisador, cerca de 7,5 mil sistemas fotovoltaicos
foram instalados por todo o país, representando entre 2,5 e 3 MW de
potência.
Ao levar a luz até localidades distantes, o país também ajuda a
evitar o êxodo rural para a cidade, um problema que, segundo Ramos, “está
acabando com a economia agrícola de
Cuba”.
Eólica
Pensando na descentralização
energética, o país discute também outras fontes renováveis. Um dos 14 grupos
nacionais criados com este intuito fez um estudo eólico completo sobre o
potencial cubano para este tipo de energia. Com este trabalho em mãos, Ramos
explica que foram montados três parques eólicos para demonstrar a viabilidade
econômica da tecnologia. “Assim, esperamos garantir que as fontes renováveis
tenham um peso específico na questão energética nacional”,
afirma.
(Envolverde/CarbonoBrasil)