Agências da ONU e empresas de transporte marítimo criaram uma organização para combater a transferência de espécies do mar “invasoras” – vegetais e animais vindos de outros ecossistemas - a bordo de navios. Quando levados para ambientes não-nativos, bactérias, larvas, plantas e animais invertebrados estrangeiros podem causar sérios problemas ambientais. Eles costumam ser carregados nas embarcações junto com a água de lastro, que é captada no mar, armazenada em tanques nos porões para dar estabilidade aos barcos e depois despejada novamente, já em águas de outros países.
Intitulada Global Industry Alliance(GIA), a organização investirá
em novas tecnologias para tratar a água nos navios e desenvolverá modelos de
embarcações que não precisem desse reservatório de água. Ela tem a participação
do PNUD e da Organização Marítima Internacional (IMO). “A Aliança tem o objetivo
de transferir e de difundir novas tecnologias entre a indústria, criando um
mecanismo de troca de informações sobre a água de lastro”, diz o PNUD.
A
transferência de espécies “invasoras” pela água de lastro é um dos quatro
maiores problemas para o oceano, afirmam as entidades. “Diferentemente de outras
formas de poluição marítima, como derramamento de óleo, os danos são
irreversíveis”, diz um comunicado do site GloBallast, criado pelos parceiros
pouco antes da formalização do acordo. A introdução de espécies “exóticas”
(estrangeiras) pode trazer desequilíbrio a um ecossistema, pois os invasores
competem com outros animais nativos e ameaçam sua sobrevivência, sendo um risco,
inclusive, para a manutenção da biodiversidade.
Segundo a OIM, mais de
três mil espécies são carregadas por dia em tanques de navios. Como
consequência, muitos países já tiveram que realizar grandes investimentos no
combate a animais e plantas que se tornam pragas. Os Estados Unidos, por
exemplo, gastaram US$ 750 milhões, em 11 anos, para retirar de seu território o
mexilhão-zebra, uma espécie europeia de molusco.
O Brasil também já teve
problemas com animais marinhos vindos de outras regiões. O mexilhão-dourado,
chinês, se disseminou pelo sul do país e se tornou um problema no funcionamento
da usina de Itaipu. O organismo se fixa nas turbinas da usina, o que a obriga a
paradas constantes para limpeza, segundo um estudo da Ong Água de Lastro
Brasil.
Para o PNUD, uma parceria global nesse tema é tão importante
quanto a que deu origem ao Protocolo de Montreal, documento que regula o consumo
de gases CFC, responsáveis por danos à camada de ozônio. “O papel dessa
conquista não deve ser subestimado”, diz o especialista do PNUD para
administração marítima, Andrew Hudson. “Eu coloco a resposta da comunidade
internacional a este problema como um dos maiores exemplos de cooperação
internacional”, completa.
A parceria inclui quatro multinacionais de
transporte marítimo: a APL, que tem sede nos Estados Unidos, a inglesa BP
Shipping, a coreana Daewoo Shipbuilding e saudita Vela Marine International.
Outras empresas já demonstraram interesse no projeto, de acordo com o
PNUD.
(Envolverde/Pnud)