Altas temperaturas, inundações e ciclones já são parte do cotidiano climático
brasileiro, e segundo cientistas isso pode piorar se metas mais audaciosas não
forem adotadas pelo governo brasileiro e a população não começar a tomar
atitudes sustentáveis.
As mudanças climáticas vem sendo tema de debate em
várias oficinas e palestras do Fórum Social Mundial 2009. Em 2008, o governo
brasileiro lançou seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) sob uma chuva
de críticas de especialistas e organizações ambientais.
Born afirma que esses efeitos chegaram com força,
como demonstram as ocorrências de climáticas nunca vistas antes, afetando a vida
do brasileiro. "Temos que ir a campo, conhecer a realidade de cada lugar, como
essas mudanças atingem cada pedacinho do país. Apesar das discordâncias o plano
tem sua funcionalidade. São metas tímidas, mas pelo menos elas existem o que já
é um passo para a melhora do projeto".
Ainda de acordo com ele, esse é um
processo democrático onde sociedade civil e governo devem dialogar para
construir algo que realmente atenda aos anseios das comunidades cientificas e
sociais. "Algumas coisas realmente precisam ser revistas, em encontro com o
Ministro Carlos Minc, disse que achava a meta de redução de desmatamento de 70%
proposto pelo PNMC é ambiciosa, mas é insuficiente do ponto de vista ético
porque significa tolerar a degradação de 5.000 quilômetros quadrados ao ano.
Fizemos uma série de criticas a esse tipo de conteúdo do plano",
declarou.
Mesmo assim Rubens Born acredita que esse pode ser um gancho
para cobrar de todos os ministérios um engajamento sério com os desafios de
mudança de clima. "A gente sabe que o Ministério do Meio Ambiente, Agricultura,
Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia já compreendem o problema, e buscar
parcerias em outros que ainda não estão engajados nessa discussão como o
Ministério das Cidades", lembrou.
Para Carlos Rittl, representante da
Embaixada Britânica no Brasil, que vem patrocinando estudos sobre Mudanças
Climáticas, o governo deve dar prioridades aos setores mais prioritários para
agir e como eles são tratadas no plano nacional. "Isso ajudará o governo
brasileiro a definir onde serão aplicados os recursos destinados ao plano". "A
embaixada britânica tem trabalho conjunto com o Brasil nas áreas de energia e
biocombustíveis, além de outras áreas tentando promover e fortalecer esse
debate, trabalhando de maneira coordenadora para que se chegue ao melhor acordo
possível entre os países na COP 15 em Copenhague ", ressaltou.
Flavia
também citou as oportunidades de propor novas idéias, utilizando o estatuto das
cidades. "Com certeza alguns dos instrumentos da reforma urbana podem servir
para tratar a questão climática. É imperativo aproximar nossos estudos ao das
questões climáticas", enfatizou.
Imprescindível a participação do
Ministério da Fazenda no planejamento climática do país. "Eles podem ser o ponto
de partida para que os outros setores do governo participem mais ativamente da
construção das ações. Só com recursos é que conseguiremos levar os instrumentos
sugeridos pelo plano aos governos municipal e estadual", ressaltou Neilton
Fidélis, assessor do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC).
Já o
estudante da USP/Esalq, Marcos Queiros, a ideia de mudanças climáticas ainda
está muito longe dos jovens. "Conheci a questão climática na faculdade porque
uma professora que trabalha com meio ambiente levou um grande especialista para
nos dar uma palestra. Gostei bastante e penso que podemos trabalhar com
políticas mitigatórias ou adaptativas dentro do espaço da universidade,
atingindo os jovens que ainda não entendem bem os efeitos desse desastre
natural", sugeriu.
Rubens Born afirmou que o grande desafio é a criação
dos planos de mudanças climáticas regionais, envolvendo as esferas políticas de
cada cidade do Brasil. "Em algum momento o país deverá ter compromissos
internacionais muito mais arrojados do que tem no momento, incluindo a questão
urbana com mais enfase no processo",
finalizou.
(Envolverde/IPS/TerraViva)