Amiga de Chico Mendes e uma das principais personagens da continuidade da trajetória do ambientalista, assassinado há 20 anos, a senadora acredita que o fortalecimento do modelo extrativista - a chamada economia da floresta - precisa ser fortalecido para garantir a sustentabilidade na Amazônia, ou seja, manter a floresta em pé com alternativas econômicas para quem vive na região.
"O modelo predatório de desenvolvimento, de remoção da floresta para outros tipos de atividade, tem pelo menos 400 anos no Brasil, e contou com financiamento, com tecnologia, com políticas públicas no mais alto grau de suporte e com toda uma base de políticos e governantes apoiando esse modelo. Já o modelo de desenvolvimento sustentável começou há 20 anos e as pessoas fazem uma cobrança para que já tenha os mesmos resultados que aquele. É muito desmedido", avalia.A senadora, que conviveu com Chico Mendes nos seringais de Xapuri e nas batalhas políticas em Rio Branco, acredita que a herança do ambientalista foi muito além do Acre e ainda hoje é referência para as políticas públicas e ações da sociedade civil em defesa da Amazônia.
"O que ele fez, prevaleceu, porque não era algo só do Chico Mendes, era algo de um tempo, o questionamento de uma época. O que teria acontecido com a Amazônia se tivesse continuado aquele ritmo [de desmate]? Acho que teria sido terrível", avalia.
Vinte anos após a morte de Chico Mendes, Marina avalia que a Amazônia deixou de ser vista apenas como fonte de biodiversidade para geração de lucros e ganhou valor do ponto de vista simbólico, estético e de prestação de serviços ambientais para o planeta.
"O maior avanço que tivemos foi na consciência das pessoas. Se nós pararmos para pensar que há 20 anos ele era uma pessoa praticamente isolada, com poucos apoios fora do Acre, e hoje vermos o que significa a preocupação do país inteiro com a a Amazônia, é uma coisa que a gente bem conseguiria imaginar", avalia.
Fonte: Amazonia.org.br / Radiobrás.