Alguns analistas disseram que a crise atual nos mercados financeiros pode acabar com o dinheiro disponível para investimentos na redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Mas segundo ele as incertezas geradas pela
crise e a falta de confiança nos mercados financeiros são obstáculos no
desenvolvimento de projetos de energias limpas, apesar da alta nos preços do
petróleo, que está em torno de US$ 100 o barril, ser um atrativo.
"Apesar
do que está acontecendo no momento, não tenho a impressão de que a falta de
capital seja o problema. São as incertezas dos investimentos que estão criando
apreensão. E acredito que, se os governos forem claros em relação às mudanças
climáticas, isto poderá ajudar a reduzir as incertezas".
"Isto por que se
você está prestes a construir uma usina de energia de €500 milhões e não sabe se
o governo assumirá reduções nas emissões de GEE de 5% ou 50%, então esta será
uma decisão arriscada", comentou em uma entrevista.
Atraindo os EUA e as
nações em desenvolvimento
Contrário a alguns analistas, de Boer expressou
otimismo sobre as chances dos Estados Unidos participarem de um novo acordo
sobre o aquecimento global, que deve ser fechado em Copenhague em dezembro de
2009 para suceder o Protocolo de Quioto após 2012.
"Acredito que seja
perfeitamente possível que os Estados Unidos assinem o acordo de Copenhague",
disse de Boer, que recentemente visitou a Polônia para revisar os preparativos
para o encontro climático de dezembro deste ano.
Mas de Boer adicionou
que as razões pelas quais Washington não assumiu Quioto (principalmente receios
de que o protocolo prejudicaria a economia norte-americana e pela ausência de
metas para os países em desenvolvimento) são "tão relevantes quanto eram em 1997
(quando Quioto foi assinado)".
Quioto exige que 37 países
industrializados limitem as suas emissões de GEE em uma média de 5,2% abaixo dos
níveis de 1990 até 2012.
Para atrair os Estados Unidos, que está sendo
ultrapassado pela China como maior emissor mundial de GEE, as Nações Unidas
precisam engajar os países em desenvolvimento.
De Boer considera que isto
só será possível se assegurado o crescimento econômico destas nações e se forem
realizados grandes cortes nos custos das políticas climáticas.
Uma das
maneiras de atraí-los é através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que
permite às nações ricas investirem em projetos de tecnologias limpas nestes
países.
As negociações da ONU têm discutido se o MDL deve incluir ou não
as usinas de energia movida a carvão que tem a possibilidade de estocar o
dióxido de carbono.
"Este debate ainda está acontecendo, mas a minha
visão pessoal é que para as economias baseadas no carvão, como China e Índia, a
captura e estocagem do carbono seria crítica", opinou de Boer. "Acredito que
existam maneiras seguras de estocar o CO2 no subsolo, como em campos de gás
vazios".
Segundo ele, as negociações marcadas para dezembro na cidade
polonesa de Poznan, envolvendo ministros do meio ambiente de 192 países, podem
preparar o caminho para um acordo em Copenhague, apesar do ceticismo
generalizado.
* Traduzido por Fernanda B Muller, CarbonoBrasil.
(Envolverde/Carbono Brasil)