No
entanto, ainda há muito a ser feito a respeito dos hidroclorofluorcarbonos
(HCFC) e do brometo de metila, também prejudiciais para a camada de ozônio. Em
2005, o consumo de HCFC dos países desenvolvidos havia diminuído 72% em relação
ao nível básico, embora se espere que as futuras reduções prossigam em um ritmo
um pouco mais lento. Nas nações em desenvolvimento, o consumo de HCFC atingiu
cerca de 20 mil toneladas de PAO (potencial de esgotamento da camada de ozônio)
em 2005, e estudos recentes indicam que esse índice poderia duplicar, ou ir mais
além, até 2015.
As atuais tendências de uso dos HCFC deverão ser
revertidas para cumprir os ajustes acordados no ano passado, na 19ª Reunião das
Partes do Protocolo de Montreal. A decisão adianta em uma década a eliminação de
produção e consumo de HCFC para todos os países-partes do Protocolo. Além disso,
controla o nível de produção e consumo a partir do qual os países não
industrializados deverão iniciar suas reduções, respeita os prazos necessários
para a introdução de substâncias alternativas e fomenta que esses gases
refrigeradores não sejam substituídos por outros com alto potencial de
aquecimento global ou outros riscos ambientais.
Algumas estatísticas
indicam que a eliminação dos HCFC poderia resultar em reduções equivalentes a 18
a 25 bilhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, o principal gás
causador do efeito estufa. Isto representa por ano uma redução igual ou superior
a 3,5% de todas as emissões mundiais desses gases. Sem dúvida, os compromissos
do Protocolo de Montreal para uma eliminação acelerada do HCFC cumprem o duplo
propósito de abordar a mudança climática e a redução do ozônio
estratosférico.
Esta associação mundial de sucesso que é o Protocolo de
Montreal deve concluir plenamente, para cumprir seu objetivo principal, a
restauração da camada de ozônio, prevista para meados deste século. O desafio é
importante, mas se prosseguir o esforço comum dos governos, das indústrias e dos
consumidores, o êxito está assegurado. Nestes avanços, a participação dos
governos e da sociedade civil, incluindo os setores industrial, educacional e os
meios de comunicação, tiveram um papel primordial em criar consciência e,
sobretudo, em implementar as soluções de maneira comum. Aí reside o êxito do
Protocolo de Montreal.
No dia 16 de setembro, será comemorada a edição
2008 do Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, em celebração
à assinatura do Protocolo de Montreal, em 1987, e em reconhecimento à sua
relevância para proteger a saúde e o meio ambiente. Para consolidar os êxitos, o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde
prepararam em conjunto um pacote educativo para facilitar a transmissão de
conhecimentos sobre a proteção da atmosfera na educação secundária, editado em
espanhol, francês e inglês.
Trata-se de materiais de trabalho tanto para
professores como para os estudantes. Por meio do uso de uma via interativa, com
jogos, busca-se sensibilizar sobre a situação atual da camada de ozônio e sua
ligação com a mudança climática. O Pnuma, a Unesco, o Unicef e a OMS estão
promovendo o uso deste pacote educativo, chamado Ação pelo Ozônio, em todos os
países do mundo e incentivando as autoridades nacionais a incluírem o tema nos
programas de ensino. Na América Latina e no Caribe, o Pnuma participa das
cerimônias oficiais do Dia do Ozônio na Colômbia, no Haiti e no Suriname, para
difundir esta publicação e assim contribuir para redobrar os esforços
nacionais.
* A autora é diretora da Divisão de Tecnologia, Indústria e
Economia do Pnuma.
- Por Sylvie Lemmet*
Associação mundial para obter benefícios mundiais
As medidas adotadas para eliminar as substâncias químicas
que afetam a camada de ozônio geraram benefícios ambientais adicionais, já que
muitas contribuem para o aquecimento global. Reduzi-las drasticamente também
ajudou a enfrentar o fenômeno da mudança climática. A substituição completa dos
clorofluorocarbonos (CFC) está plenamente avançada, tanto nos países
industrializados quanto nas nações em desenvolvimento. Na América Latina e no
Caribe, a redução do consumo de CFC atingiu 95% no ano passado.