Exemplo de sucesso faz renascer algodão no Sudoeste baiano

Guanambi, Bahia - Cerca de 470 quilômetros separam dois mundos opostos da lavoura algodoeira do Brasil. Ambos ficam na Bahia, estado que ocupa o segundo lugar em produção para esse cultivo, perdendo apenas para o Mato Grosso.

De um lado, o oeste baiano, berço do município líder do algodão, São Desidério, mas que também conta com outras cidades importantes para a cultura, como Luis Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto e Barreiras.

Na outra ponta, Guanambi, cidade pólo da região conhecida como vale do Iuiú, na região sudoeste da Bahia. Com resultados ainda modestos em termos absolutos, a área vive uma verdadeira ressurreição da cultura. Tradicional zona algodoeira do país, o vale assistiu à derrocada das lavouras, motivada pela combinação de pragas e competição com o algodão vindo de outras partes do globo, após a queda das tarifas de importação, na década de 1990.

Mas uma boa parte dessa realidade ficará fora de quadro se a diferença entre esses dois pólos for medida apenas em número de toneladas produzidas. Afinal, não se pode comparar os resultados absolutos de uma produção baseada em imensos latifúndios, fortíssima mecanização e alto consumo de insumos, caso do oeste, com aquela baseada em pequenas propriedades, movida apenas à força da agricultura familiar, como ocorre no Iuiú.

Outro fator contribui para que o algodão do sudoeste baiano retome o status que já teve no país. Há cinco safras a região participa de um programa de revitalização da lavoura algodoeira, promovido pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). E, no período produtivo de 2007/2008, contou com atuação pioneira da empresa também nas etapas de beneficiamento e comercialização da produção.

Nessa primeira experiência, 296 agricultores de 7 municípios da região aderiram ao programa. A parceria entre a EBDA e os pequenos produtores garantiu acesso direto às usinas de processamento e venda integral do algodão cultivado por eles. O beneficiamento foi pago com 70% do caroço, enquanto os 30% restantes - o caroço é comumente usado como ração animal - e toda a fibra ficaram à disposição dos trabalhadores rurais. "Com esse programa, os agricultores pularam três degraus na cadeia produtiva do algodão", afirma Ernesto Marcos Lacerda, diretor da regional de Caetité da EBDA.

Quanto ao beneficiamento, foram selados contratos diretos entre a usina, que antes estava ociosa, e os produtores. Depois de processado, também por intermediação da EBDA, todo o produto foi vendido para a indústria têxtil. Segundo Lacerda, mais de R$ 800 mil foram gerados com essa comercialização, e todo esse montante foi parar nas mãos dos trabalhadores.

Dessa forma, a expectativa da empresa é que, na próxima safra, aumente o número de municípios e produtores envolvidos.

Quanto à qualidade do algodão produzido pela agricultura familiar do sudoeste baiano, o classificador Heraldo Carvalho atesta que ela não deixa nada a desejar em relação àquele que vem da região oeste. "O algodão produzido no sudoeste esse ano teve boa aceitação da indústria, que é muito exigente", declara. Para ele, a diferença é que o produto do oeste já tem reputação no mercado, enquanto o oriundo da região do entorno do vale do Iuiú ficou marcado negativamente pelo declínio do início da década passada. "É uma questão de tempo para que o algodão daqui [sudoeste] volte a ter nome no mercado nacional", finaliza.

Em um sentido, a qualidade do produto do sudoeste até supera o algodão da região de Barreiras. Como a colheita no vale e região é feita manualmente, baseada no modelo familiar, sobram menos resíduos, em relação à colheita mecanizada do oeste.

Na visão de Lacerda, essa competição entre pólos produtores de algodão é saudável, e apenas ajuda a construir uma boa imagem para o algodão baiano, no mercado nacional, e brasileiro, pelo mundo afora.

A retomada da lavoura algodoeira do sudoeste baiano ainda está começando, mas o exemplo da EBDA mostra que com maior assistência ao produtor as barreiras aos poucos vão caindo. Uma das mais fortes é a crença de que algodão é uma cultura muito difícil, que exige altos investimentos. E isso a parceria entre EBDA e os produtores já contradisse. "No oeste, a produtividade é muito alta, mas os custos também. Com a agricultura familiar, a produção é muito menor, mas os custos infinitamente inferiores", explica Lacerda. Por isso, por hectare, um pequeno produtor pode lucrar mais do que um grande.

"Para o pequeno agricultor, cultivar algodão por conta própria, dependendo de financiamento, ainda é inviável", declara Valcirez Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guanambi. "Mas tendo essa oportunidade da parceria com a EBDA, é possível produzir". Para ele, o fato de a empresa distribuir sementes e inseticidas, fornecer assistência técnica e ceder tratores para preparar o solo é o diferencial para que os produtores tenham embarcado no programa. "Assim é viável", diz ele.

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