Portos se comprometem a reduzir emissões de CO2

 Mais de cinquenta portos de 35 países se comprometeram a cortar as emissões de gases do efeito estufa (GEE) ao assinar a Declaração Climática Mundial de Portos na última semana, durante a Conferencia Climática Mundial de Portos, em Rotterdam, na Holanda.

No mesmo período, o Parlamento Europeu aprovava a inclusão da aviação no Esquema de Comércio de Carbono da União Européia (EU ETS). Desde 1990, as emissões do transporte aéreo aumentaram 87% e hoje respondem por 3,5% das emissões globais de GEE.
No transporte marítimo, porém, há divergências sobre a contribuição para as emissões globais de GEE. Os participantes do congresso dizem que o número está em algum lugar entre 1,4% e 4,5%. A Organização Internacional Marítima das Nações Unidas estima que os navios sejam responsáveis por 3,5% das emissões mundiais.

Uma coisa, no entanto, é certa: a indústria do transporte marítimo cresce rapidamente no mundo e, apesar disso não está inclusa no Protocolo de Quioto.
"Por um longo tempo, isto (emissões de CO2) foi algo que não prestávamos muita atenção. Agora é hora de agir", disse o prefeito de Rotterdam, Ivo Opstelten.

Sob a administração da Associação Internacional de Portos e Ancoradouros, os portos que assinaram a declaração irão explorar maneiras de reduzir as emissões, como medir a pegada de carbono e criar um sistema de indicadores globais que possa ser usado para premiar navios mais limpos e punir os mais poluentes.

"Os seres humanos devem resolver isso (aquecimento global), porque o criamos. O ambiente marinho precisa se responsabilizar, assim como todos nós", disse o co-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, Ogunlade Davidson.

Davidson disse que alterações técnicas, incluindo o uso de hélices hidrodinâmicas, poderiam diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em até 30% em novos navios e 20% em antigos. Combustíveis renováveis, redução de velocidade e manutenção da frota são também alternativas.

Cientistas holandeses já trabalham no desenvolvimento de um novo revestimento para a base dos navios que permitiria o crescimento de algas e, assim, reduziria a dragagem. Além disso, eles testam containeres em formatos mais compactos que permitiriam aos navios transportar mais containeres vazios e diminuir o número de viagens.

Participação dos países em desenvolvimento

Segundo o secretário-geral da Organização Marítima Internacional, Efthimios Mitropoulos, o objetivo é estabelecer metas de redução de CO2 a partir de fevereiro de 2010.

Mitropoulos ressalta, no entanto, que isso nunca funcionará se os países em desenvolvimento forem excluídos da obrigação. "Na minha visão, se as reduções de emissões de CO2 de navios são para o benefício do meio ambiente como um todo, elas devem ser aplicadas globalmente para todos os navios da frota mundial, independente da sua bandeira", afirma.

Segundo Mitropoulos, os países desenvolvidos são responsáveis por 25% da frota mercante do mundo.

A China, que possui um dos maiores portos do mundo em Shangai, não participou da Conferência, sob a justificativa de que o recente terremoto e as Olimpíadas exigiam todas as atenções das autoridades locais.

Convite a outros portos

Cerca de 80 portos serão convidados para assinar a declaração quando ela estiver pronta. Para dar continuidade as discussões sobre metas e medidas que serão aplicadas, será realizado um encontro em novembro, em Los Angeles. Na cidade está o porto considerado líder na redução de emissões.

"Long Beach and L.A (os portos) vivem e respiram ar de qualidade", disse ao GreenBiz.com a gerente de relações governamentais e políticas ambientais par a Associação Americana de Autoridades Portuárias, Meredith Martino.

Nos Estados Unidos, os portos já tomam medidas como usar combustíveis alternativos, mas ainda não descobriram a melhor maneira de reduzir emissões de GEE.

Austrália

Um relatório divulgado na quarta-feira pela Comissão de Transportes Nacional da Austrália sugere que o transporte de cargas deveria ser incluído em um esquema de comércio de emissões (ETS) do país para incentivar as escolhas corretas de investimentos e tecnologias a longo prazo.

O documento Transportes de cargas em uma economia de contenção de carbono diz ainda que, para tal medida ter eficiência, o ETS deveria prever medidas de corte de emissões de curto e médio prazo.

"Mesmo que as emissões de gases do efeito estufa de setores de energia estacionária pudessem ser reduzidas à zero em 2050, mais cortes seriam necessários em outros setores para alcançar as metas nacionais de reduzir 60%", afirmou o presidente da Fundação de Conservação Australiana, Ian Lowe.

* Com informações de Agências Internacionais e Greenbiz.

(Envolverde/Carbono Brasil)

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