AREIAS DE FUNDIÇÃO PODERÃO CONTAMINAR POPULAÇÃO

Ainda que sob o argumento de estar buscando modos de produção mais limpos, setores da indústria ligados à siderurgia e fundição, insistem na construção de uma falácia que pode resultar em danos irreversíveis à saúde pública, com a  tentativa de legalizar o reaproveitamento de seu lixo tóxico para construção civil. 

Para cada tonelada de aço produzida, as siderúrgicas geram cerca de 800 kilos de rejeitos sendo, grande parte, contaminada por produtos cancerígenos, proporção semelhante ocorre com as areias de fundição. A legislação determina que esse lixo deve ser destinado a aterros industriais licenciados, mas as indústrias insistiam em mantê-los em locais impróprios que vem sendo fechados por decisão judicial, como é o caso da Fundição Tupy em Joinville, norte de Santa Catarina.

Agora, para evitar terem de pagar pela correta destinação de seu lixo, as indústrias apresentam "estudos" pagos por elas próprias, para comprovar que esse resíduo poderia ser aplicado na construção de estradas, casas e prédios. Isso eliminaria sua condição de geradores, terceirizando o problema. Espalhados pelo ambiente, seus males se tornariam difusos já que elas deixariam de responder pela poluição que causam.

Em razão da incapacidade do poder público fiscalizar a destinação de resíduos, se aprovada essa medida, logo veríamos o findo de casas de material de construção recebendo material contaminado das indústrias poluidoras e, parte dessa areia jogada nas margens de rios e córregos, multiplicando seu efeito devastador. Sem falar na proliferação de doenças de pele em razão do contato de trabalhadores da construção com esse material cancerígeno, o que aumentaria o déficit da previdência social.

Há um ano, a DEFENSORIA DA ÁGUA já denunciava que vinha sendo articulada nos bastidores da Federação das Indústrias de Santa Catarina uma ação com autoridades do governo daquele estado para incluir essa excrescência na redação do novo código ambiental catarinense para depois ser espalhado pelo país, o que foi negado publicamente na época.

Agora não há como esconder. Na manhã desta segunda feira, 14 de julho, é a própria FIESC que sedia um novo encontro para tratar do assunto com representantes da FATMA, uma agência ambiental envolvida em um mega escândalo conhecido como "moeda verde" em que empresários praticaram corrupção para conseguir facilidades ambientais.

Só que, nesse caso, não pensem que farão qualquer ação sem reação da sociedade. A DEFENSORIA DA ÁGUA reúne -no próximo dia 21 de julho em Brasília - seu Conselho Deliberativo para aprovar a realização de uma grande AUDIÊNCIA PÚBLICA sobre o tema, justamente em Santa Catarina, onde está o ninho das serpentes.


Leonardo Aguiar Morelli, Secretário Geral do Instituto para DEFESA DA VIDA e membro do Conselho Delioberativo da DEFENSORIA DA ÁGUA

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