As empresas tem se mostrado mais sensíveis à adequação ambiental apesar de ainda insensíveis quanto à necessidade de distribuir melhor a renda. Acionistas e empresários não investem num negócio para ter prejuízo, mas para ter lucros crescentes. Logo, a tendência é só cuidarem do meio ambiente e distribuírem melhor a renda se forem obrigadas, seja pelos clientes e consumidores, seja pela legislação.
Não é à toa que as empresas invistam tanto no financiamento de campanhas política. Precisam de legisladores e administradores públicos comprometidos com os seus interesses privados. Assim como também precisam de publicitários, jornalistas, marqueteiros que saibam usar as palavras e as idéias ambientais para passar ao público consumidor uma imagem de ambientalmente responsável. E quanto mais consciente estiver a sociedade, maior terá de ser o esforço para se mostrarem sinceras.
Não é suficiente apenas adotar medidas de ecoeficiência, de inertização de carbono, reciclagem, plantar árvores ou criar novas unidades de conservação. É preciso distribuir renda para que as pessoas tenham cada vez menor necessidade de extrair recursos do Planeta para o atendimento de suas necessidades. E esta talvez seja a maior dificuldade. Algumas empresas e políticas governistas têm usado a legítima necessidade de todos a moradia, emprego, alimentação, educação, segurança para justificar um tipo de progresso que deixa atrás de si um rastro de destruição e poluição, enquanto concentra renda, aumenta os lucros de uns poucos e financia campanhas políticas, em detrimento de grande maioria de excluídos que continua tão necessitada quanto antes, só que agora tendo de conviver também com um meio ambiente arrasado e insalubre.
Que papel devem desempenhar aqueles que sempre estiveram na resistência deste modelo, agora que a consciência ambiental começa a tomar toda a sociedade?
Esta mesma pergunta fizeram alguns ambientalistas pós-Eco 92, quando a questão ambiental deixou os nichos das ONGs ambientais para ganhar a sociedade. Algumas ONGs passaram a ser uma espécie de consultoras e executoras de projetos ambientais, financiadas por empresas e governos. Uma resposta interessante que enfrenta o desafio de levar soluções concretas onde antes só havia problemas ambientais.
Outras ONGs preferiram enfrentar o desafio de outra maneira, empenhando-se em fiscalizar e desmascarar as falsas promessas e revelar as garras e dentes dos lobos por debaixo da pele de cordeiro de alguns gestos e palavras de amor eterno ao Planeta. Também fundamental para que a sociedade se mantenha alerta e continue a cobrar melhores resultados ambientais.
* Vilmar é escritor com 15 livros publicados. Na Paulus, publicou "Como Fazer Educação Ambiental", "O Desafio do Mar", "O Tribunal dos Bichos", entre outros, e nas Paulinas, "Pensamento Ecológico" e "A Administração com Consciência Ambiental", transformados em curso à distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente. É fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia. org.br ) e editor do Portal (www.portaldmeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente. Mais informações sobre o autor: (http://www.rebia.org.br/Vilmar-Berna/ ). Contatos: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.