Pesquisadora brasileira recebe primeira edição do Golden Ark Award

Pesquisadora brasileira recebe primeira edição do Golden Ark Award, prêmio outorgado por fundação holandesa de conservação de animais silvestres, e sensibiliza a comunidade internacional com relação à importância da conservação da anta em nosso país

Na cerimônia que acontecerá em Arnhem, Holanda, no dia 14 de março, a doutoranda em Biologia da Conservação Patrícia Medici, pesquisadora e uma das fundadoras do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas - receberá um prêmio extremamente relevante na área da conservação.

O fato de uma pesquisadora que trabalha com antas, espécie nada carismática (e muitas vezes ridicularizada), estar entre os vencedores de um prêmio internacional é muito surpreendente. E significativo, porque funciona como um atrativo para investimentos na conservação de uma espécie muito importante para o equilíbrio da biodiversidade, mas que integra a lista da IUCN – The International Union for the Conservation of Nature - de animais vulneráveis à extinção.

"Este prêmio dará muita exposição às nossas iniciativas de conservação da espécie aqui no Brasil, exposição esta que esperamos nos ajudar a disseminar informações sobre a importância de conservação da anta e seu habitat e que contribua para colocá-la no patamar de espécie emblemática. Esperamos também que este prêmio nos ajude a obter mais suporte para o nosso trabalho, tanto institucional quanto financeiro", explica a pesquisadora.

A anta apresenta funções ecológicas extremamente importantes. A extinção local ou declínio populacional dessa espécie pode desencadear uma série de efeitos adversos nos ecossistemas e biomas por ela habitados, desestabilizando alguns processos ecológicos chave e comprometendo a integridade e biodiversidade do habitat em longo-prazo.

A espécie brasileira encontra-se atualmente listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como "Vulnerável à Extinção". Apesar de não constar da lista nacional de espécies ameaçadas, nos Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul está registrada como "Criticamente Ameaçada" e nos Estados do Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro na categoria de "Em Perigo", sendo que no Município do Rio de Janeiro é considerada como "Extinta".

O prêmio de 50 mil Euros será utilizado para o estabelecimento e condução do Projeto Anta no Pantanal. Assim como fez na Mata Atlântica, durante os próximos anos, Patrícia Medici coletará dados e informações sobre ecologia básica e história natural, demografia, genética e epidemiologia das antas em diferentes áreas do Pantanal. Essas informações serão utilizadas para desenvolver um Plano de Ação Regional para conservação da Anta Brasileira no bioma Pantanal. Em seguida, ela partirá para a implementação destes planos. Para um futuro próximo, o plano é expandir o projeto para a Amazônia e o Cerrado. A expansão desse trabalho faz com que o Projeto de Conservação da Anta passe para o patamar de "Iniciativa Nacional de Conservação da Anta Brasileira", um trabalho muito mais amplo.

Mais sobre a pesquisadora

Nascida em São Caetano do Sul, São Paulo, Patrícia Medici é Engenheira Florestal pela Escola Superior de Agricultura 'Luiz de Queiroz', Universidade de São Paulo (USP); Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e faz doutorado no Durrell Institute for Conservation and Ecology (DICE), pela Universidade de Kent, Inglaterra.

Desde 1996, ela coordena o Projeto Anta do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), uma pesquisa de longo prazo na região do Pontal do Paranapanema (SP), São Paulo, incluindo os 35 mil hectares do Parque Estadual Morro do Diabo e os fragmentos de Mata Atlântica de seu entorno. Nessas áreas, a equipe liderada pela pesquisadora descreveu e mapeou as principais rotas de dispersão natural da anta e agora usa as informações para construir corredores de biodiversidade, reconectando os fragmentos florestais. Além disso, a equipe avalia e monitora o estado genético e de saúde das populações de anta e aprimora técnicas de campo necessárias para obtenção de dados sobre os animais. Tais estudos permitiram traçar um Plano de Ação Regional para a conservação da espécie.

Há 8 anos, Patrícia também preside o Grupo de Especialistas em Antas (Tapir Specialist Group - TSG) da Comissão de Sobrevivência de Espécies (Species Survival Commission - SSC) da União Mundial para a Conservação da Natureza (The International Union for the Conservation of Nature - IUCN), que reúne mais de 100 conservacionistas de 27 países, envolvidos com a conservação das 4 espécies de antas existentes: anta-brasileira (Tapirus terrestris), anta-andina (Tapirus pinchaque), anta-centroamericana (Tapirus bairdii) e anta-malaia (Tapirus indicus). Mais informações no site www.tapir.org

SOBRE O PRÊMIO GOLDEN ARK AWARD

O prêmio Arca Dourada é concedido a pessoas que se destacam pela excelência de seus trabalhos em benefício da proteção e da conservação de espécies de fauna ou flora. Os candidatos ao prêmio são nomeados por instituições de pesquisa e selecionados com base nos resultados de seus esforços. Outro objetivo do prêmio é contribuir para a manutenção e a eventual ampliação dos trabalhos agraciados.

Patrícia Medici foi indicada pela Federação Holandesa de Zoológicos (Dutch Federation of Zoos - Dutch Foundation Zoos Help), co-financiadora de suas pesquisas desde 2002. Nesta edição foram nomeados 70 candidatos de 40 países, entre os quais 3 foram premiados.

Os outros dois conservacionistas agraciados com o Arca Dourada deste ano são o indiano Charudutt Mishra, de 36 anos, e o holandês Michiel Hötte, de 46 anos. Ambos trabalham com os carismáticos felinos.

SOBRE O IPÊ

O IPÊ é considerado a terceira maior ONG ambiental do Brasil, possui título de OSCIP e tem sede em Nazaré Paulista (SP). O instituto começou com o Projeto Mico-Leão-Preto e hoje conta com mais de 90 profissionais trabalhando em cerca de 30 projetos espalhados pelo Brasil.

Nos locais onde atua, a organização adota o modelo IPÊ de Conservação, um modelo de ação integrado que inclui pesquisa de espécies ameaçadas, educação ambiental, restauração de hábitats, envolvimento comunitário e desenvolvimento sustentável, conservação da paisagem e envolvimento em políticas públicas. Um de seus objetivos é conservar a biodiversidade respeitando as tradições das comunidades do entorno dos locais a serem protegidos e onde são realizadas as pesquisas do IPÊ.

Mais informações sobre o IPÊ no site www.ipe.org.br

Telefone/FAX em Nazaré Paulista: (11) 4597 1327 (Ramal 6) cel.: (11) 7144 1103

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