Nossos lindos amigos ursos podem desaparecer. Os netos de nossos filhos não poderão conhecer os lindinhos ursos de encantos mil.
Vancouver, 25/02/2008 – O derretimento dos gelos marinhos, devido à mudança climática e à falta de ação governamental, colocará em risco a sobrevivência dos ursos polares do Canadá nos próximos 50 anos, alertaram grupos ambientalistas. Rachel Plotkin, analista de políticas de biodiversidade da Fundação David Suzuki, disse à IPS que "a principal ameaça é o derretimento do gelo marinho, que afeta os hábitos de caça e acasalamento dos ursos polares. Isto ocorre muito mais rápido do que o esperado. A viabilidade da espécie é incerta no longo prazo", disse. Dois terços dos ursos polares do mundo estão no Canadá, acrescentou a especialista.
"Também sofrem com o bioacúmulo de
toxinas. O Canadá deve reduzir suas emissões de gases causadores do efeito
estufa. Mas, há ameaças maiores no horizonte, como o impacto do aumento da
navegação que o derretimento do gelo torna possível", alertou Plotkin. "Haverá
uma pressão adicional pela exploração de petróleo e gás. O Canadá não reconhece
que os ursos polares são uma espécie em perigo. Se o fizer, o governo terá de
definir um plano de ação", ressaltou.
Os ursos polares utilizam o gelo
marinho como plataforma para a caça de focas. Um atraso no congelamento provoca
perdas vitais de reservas de gordura para os períodos de jejum. Isto, por sua
vez, afeta a reprodução e a capacidade de gerar leite para os filhotes. A taxa
de natalidade já caiu 15%. O governamental Comitê sobre o Status da Vida
Silvestre em Perigo declarou que os ursos polares são uma espécie que desperta
"especial preocupação". O órgão vai preparar um informe que servirá para
determinar o grau de perigo em que se encontram os ursos, com base nas
tendências, ameaças e projeções. Mas Plotkin alertou que essa avaliação
governamental pode adiar até 2010 a implementação de um plano de
proteção.
O Canadá conta com 13 das 19 populações mundiais de ursos
polares em Nunavut, Manitoba, Ontário, Quebec, Labrador e Yukón. Também podem
ser encontrados no Alasca, na Dinamarca, Groenlândia, Noruega e Rússia. Em 1973,
foi assinado o Acordo Internacional para a Conservação dos Ursos Polares, como
conseqüência do aumento da caça nas décadas de 60 e 70. Canadá e Dinamarca
permitem a caça de ursos aos turistas que buscam esse troféu, e todos os países,
menos a Noruega, contemplam a caça tradicional por parte dos inuit. Cientistas
norte-americanos prevêem que a população de ursos polares cairá em dois terços
em meados deste século, devido ao impacto do derretimento do gelo marinho.
Atualmente existem entre 20 mil e 25 mil animais.
Especialistas alertam
que a população na ocidental baía de Hudson, no Canadá, diminuiu 22% em relação
aos níveis do inicio da década de 80. os ursos polares passam a metade de sua
vida em blocos de gelo e podem nadar até cem quilômetros mar adentro. O
ambientalista do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mencionou o aquecimento
global, a contaminação das fontes de alimentos, os vazamentos de petróleo no
mar, as alterações do habitat e o excesso de caça como as principais ameaças à
sobrevivência dos ursos polares.
O diretor de conservação de espécies do
WWF no Canadá, Peter Ewins, disse à IPS que embora a avaliação e as
recomendações governamentais sobre os ursos polares só serão conhecidas em
abril, o Canadá já fixou a data de 2 de junho para vender direitos de exploração
de gás e petróleo em áreas que os afetarão diretamente. "Já houve uma venda no
valor de US$ 600 milhões para as multinacionais Exxon e Móbil Oil em agosto de
2007. A próxima será da ordem de US$ 2 bilhões. Não há um plano de longo prazo e
o governo continua aplicando os modelos da época colonial, de desenvolvimento da
fronteira, sem pensar nas conseqüências", disse Ewins. O WWF se opõe as
exploração de gás e petróleo porque a tecnologia para limpar os vazamentos ainda
não estão bem desenvolvidas. Os ursos e as morsas estarão em pergio, advertiu.
(IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)